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Ao todo, 8 ciganos já foram mortos desde o dia 13 de julho
Da Redação
Publicado em 30 de julho de 2021 às 11:16
- Atualizado há um ano
A polícia matou mais um cigano que teria envolvimento nas mortes do tenente Luciano Libarino Neves, 34 anos, e do soldado Robson Brito Matos, 30. Lindomar Silva Matos foi morto na manhã desta sexta-feira (30), na cidade de Anagé. Ele é o oitavo cigano morto por suspeita de envolvimento no crime.
De acordo com informações divulgadas pela Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), o cigano estava tentando invadir residências na localidade de Lagoa Grande. Moradores teriam denunciado a ação.
Ainda segundo a versão da polícia, o homem estava com um revólver calibre 38, munições e uma faca do tipo peixeira. Ele e outros três ciganos foram cercados por equipes da Cipe Central e da 79ª CIPM, quando, segundo a polícia houve uma troca de tiros.
O cigano foi baleado e não resistiu aos ferimentos. Segundo a polícia, na ação foi recuperada a a pistola do soldado Robson Brito de Matos, roubada após ele ter sido morto. Armas que estariam com o cigano morto pela polícia (Foto: Divulgação/SSP-BA) Outras mortes Na tentativa de elucidar as mortes dos policiais em Vitória da Conquista no último dia 13, sete irmãos já foram mortos pela polícia nas últimas semanas.
Parentes temem que a família seja dizimada. “O pai está inconsolável. A mãe, a mesma coisa. Eles perderam sete filhos e três estão sendo caçados iguais a bicho. Eles [policiais] estão aterrorizando, invadindo casas de pessoas inocentes. A situação está muito difícil. Os que estavam envolvidos nas mortes dos policiais já foram mortos no início. Agora, eles [policiais] querem matar todos os irmãos, que são 10 no total”, declarou uma parente dos ciganos mortos. Por medo de represália, ela abandonou a casa em Vitória da Conquista. Na edição do fim de semana, o CORREIO contou o caso dessas famílias em reportagem publicada neste domingo (25). Sete irmãos ciganos que foram mortos pela polícia (Foto: Reprodução) O primeiro dos irmãos a ser morto foi Ramon da Silva Matos, baleado no mesmo dia da execução dos PMs no bairro de Lagoa das Flores. Ele teria reagido a tiros. No dia seguinte, mais três vieram a óbito. Morais da Silva Matos, 13, foi baleado dentro de uma farmácia em Vitória da Conquista. Apesar de a circunstância ainda não ter sido esclarecida, a família acusa a polícia. Já na cidade de Itiruçu, Arlan e Dalvan da Silva Matos estavam num CrossFox, de cor preta, e teriam reagido a tiros ao avistarem uma barreira da PM.
Proteção Uma família de ciganos de Vitória da Conquista está sendo acompanhada pela Defensoria Pública do Estado (DPE/BA) após a instituição receber denúncias de perseguição de policias militares à comunidade cigana depois do assassinato dos PMs. Cinco mulheres e sete crianças da família foram para um município vizinho, e a Defensoria busca a inserção delas em um programa de proteção a testemunhas. “A mãe dos meninos, as mulheres dos meninos, os filhos dos meninos que foram mortos correm risco de morte, assim como todos nós. Toda a comunidade cigana está apavorada”, contou uma parente dos ciganos que não vive mais na região de Conquista.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que "pauta suas ações dentro da legalidade". "Neste contexto, está adotando todas as medidas para elucidar os cruéis assassinatos do soldado Robson Brito Marques e tenente Luciano Libarino Neves, mortos em serviço no último dia 13, em Vitória da Conquista. A pasta informa ainda que não coaduta com excessos e que está à disposição para recepcionar qualquer tipo de denúncia sobre má conduta policial por meio das Corregedorias, Ouvidorias e também do Disque Denuncia da SSP, através do 181", completou.
Já a Polícia Militar informou também por nota que "os fatos estão sendo devidamente apurados pela Polícia Militar e Polícia Civil, através de suas corregedorias".
Entenda a cronologia dos crimes:
13 de julho – O tenente Luciano Libarino Neves, 34 anos, e o soldado Robson Brito Matos, 30, são mortos durante uma investigação no distrito de Josué Gonçalves, em Vitória da Conquista. Um grupo de ciganos seriam os assassinos.
13 de julho – No mesmo dia do assassinato dos policiais o cigano Ramon da Silva Matos foi morto pela polícia, no bairro de Lagoa das Flores, durante confronto. Ele foi socorrido, mas chegou sem vida ao hospital.
14 de julho – O cigano Rodrigo Silva Matos é preso suspeito de envolvimento na morte dos dois policiais militares. Ele é pai de Ramon e dos outros ciganos que seriam assassinados nos dias seguintes.
14 de julho - Arlan e Dalvan da Silva Matos são assassinados na cidade de Itiruçu em confronto com PMs, após a prisão do pai. No mesmo dia Morais da Silva Matos, 13, morre depois de ser baleado em uma farmácia em Vitória da Conquista. Apesar da circunstância ainda não ter sido esclarecida, a família acusa a polícia.
18 de julho - O empresário Diego Santos Souza, 29 anos, morreu em Conquista. Ele foi encontrado dentro de um carro carbonizado. Testemunhas afirmam que o jovem foi confundido com um cigano, mas a polícia investiga as hipóteses de acidente ou homicídio.
28 de julho - Sólon, Diogo e Bruno Silva Matos são mortos durante confronto com a polícia no município de Anagé. Segundo a PM, eles estavam às margens do rio Gavião e revidaram a abordagem.