Professora baiana é uma das donas de grupo contra Bolsonaro que sofreu ataque hacker

Das três administradoras do grupo, duas são baianas

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  • Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2018 às 14:30

- Atualizado há um ano

Duas, três, quatro, cinco invasões. De sexta-feira para cá, a professora Maíra Motta chega perdeu a conta de quantas vezes foi hackeada em seu Facebook, WhatsApp e linha telefônica. Maíra, que é soteropolitana, é uma das administradoras do grupo do Facebook “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”, que chegou a alcançar 2,2 milhões de integrantes antes de sofrer ataque hacker que alterou o nome do grupo - e excluiu pessoas.

O ataque cibernético mudou o teor da página em favor do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).  “Eu sofri duas séries grandes de invasões. Na primeira hackearam o meu Facebook na sexta-feira e a Ludimilla (criadora e administradora do grupo, também baiana) conseguiu contornar a situação, não deixando que eles invadissem o grupo. Comigo, meu WhatsApp, Facebook e linha telefônica foram sequestrados”, conta. 

Os autores da ação utilizaram de suas redes sociais para postar mensagens de ódio e até xingaram uns dos clientes de Maíra, que também trabalha com a produção de produtos vegetarianos. Grupo teve capa alterada durante invasão (Foto: Reprodução) “No segundo ataque, que foi ontem, eu estava fazendo Boletim de Ocorrência na delegacia enquanto tudo acontecia. Por conta do ataque, eu tive que comprar um chip novo, um celular novo e ainda não retornei ao grupo”, conta.

Há a suspeita de que as linhas telefônicas das administradoras tenham sido grampeadas. Os homens ficaram em posse do número de Maíra durante a tarde e a noite de sexta-feira. “Só consegui resgatar o meu número na madrugada de sábado. O meu Facebook eu conseguia alterar a senha e eles hackeavam de novo. Eu mudava pela segunda vez, e eles sequestravam mais uma vez. Foram umas quatro vezes disso”, disse.

Agora, para voltar ao Facebook, a baiana instaurou os protocolos de segurança que o próprio Facebook oferece. “Pede código de verificação pelo celular, tirei a vinculação com o meu e-mail. Tudo isso para não ter mais esse ataque”. Boletim de Ocorrência registrada por Maíra após ataque sofrido na sexta-feira (14) (Foto: Arquivo Pessoal) Pelo menos três administradoras do grupo, que tinha nove gestores, foram atacadas por hackers. O grupo chegou a ser retirado do ar pelo Facebook, e foi devolvido depois para elas. “Agora moderadoras estão fazendo uma limpeza no grupo, para tirar invasores”. 

O CORREIO tentou contato com Ludimilla, segunda administradora baiana do grupo, mas não obteve respostas.

Lembre ataque: O grupo do Facebook "Mulheres Unidas Contra Bolsonaro", que alcançou 2,2 milhões de membros,  foi hackeado e passou a exibir mensagens de apoio ao presidenciável do PSL. Uma baiana, que é uma das criadoras e administradoras do grupo, teve seu Facebook hackeado e registrou o caso na 1ª Delegacia (Barris) neste sábado (15). 

O grupo teve o nome alterado para "Mulheres Com Bolsonaro #17" e a administração foi substituída por homens. Após denúncias, o grupo foi retirado do ar pelo Facebook e será devolvido posteriormente às administradoras.

Durante o ataque, os responsáveis postaram mensagens ofensivas contra as mais de 2 milhões de participantes. "Esquerdistas de merda", disseram.

A capa do grupo chegou a ser assinada pela dupla "Eduardo Shinok e Felipe Shinok", que podem ser autores da invasão. 

A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que o caso será investigado pela Polícia Civil através do Grupo Especializado de Repressão aos Crimes por Meios Eletrônicos. Ainda não há informações sobre a autoria do ataque.

Em nota enviada ao CORREIO no início desta manhã, o Facebook informou que o grupo foi removido temporariamente. "O grupo foi temporariamente removido após detectarmos atividade suspeita. Estamos trabalhando para esclarecer o que aconteceu e restaurar o grupo às administradoras" , afirmou a rede social, em nota. 

Por volta das 12h30, o Facebook informou que "o grupo foi restaurado e devolvido às administradoras”.