SUSTENTABILIDADE

Cidades Sustentáveis: climatologista Carlos Nobre discute desafios e caminhos para zerar emissões de carbono

Especialista participou de evento no Senai Cimatec

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  • Raquel Brito

Publicado em 29 de abril de 2024 às 20:19

Senai Cimatec
Senai Cimatec Crédito: Divulgação

Dissipar a emissão de carbono na capital baiana até 2049: essa é a missão da Chamada Cidade Zero Carbono, realizada pela Prefeitura de Salvador em parceria com o Senai Cimatec. Para marcar a abertura do projeto este ano, o Senai recebeu o climatologista Carlos Nobre no evento Cidades Sustentáveis, na tarde desta segunda-feira (29).

Nobre é uma das maiores referências em climatologia do mundo. Ex-diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), membro da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Global de Ciências e membro estrangeiro da Academia de Ciências dos Estados Unidos e da Global Society da Grã-Bretanha, ele foi um dos autores do 4º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e recebeu um Nobel da Paz em 2007.

Em sua fala no palco do Cidades Sustentáveis, o especialista retomou o histórico climático do Brasil e os riscos à população humana e outros seres vivos com a mudança climática e traçou possíveis caminhos para zerar a emissão de carbono. Segundo ele, o Brasil tem toda condição de atingir o zero líquido, caso sejam enfrentados os gargalos existentes. Ao CORREIO, Nobre avaliou a iniciativa municipal como excelente.

“Salvador tem uma grande quantidade de emissões do que a gente chama de resíduos, que são os lixões. Tem várias maneiras de tratar os resíduos, os lixões para diminuir as emissões. Salvador para chegar em 2049 emissões zero, tem que diminuir muito a queima de combustíveis fósseis dos veículos e também acelerar muito a infraestrutura para processar os resíduos”, disse.

A mesa de abertura do evento foi formada pelo secretário de Sustentabilidade, Resiliência e Bem-estar e Proteção Animal (SECIS) Ivan Euler, que representou a Prefeitura; André Souza, superintendente de Novos Negócios e Planejamento no Cimatec; Rafael Valente, presidente do grupo Civil, e Otto Cavalcante, analista de sustentabilidade da Constellation, empresa parceira do projeto nesta edição.

Segundo o secretário, Salvador é hoje uma cidade preparada para os grandes efeitos das mudanças climáticas, mas é preciso avançar ainda mais. “Porque com certeza a temperatura do planeta vai continuar aumentando e os eventos climáticos vão ocorrer na nossa cidade. A gente tem uma preocupação muito grande, porque as pessoas que vão receber um maior impacto são as pessoas mais vulneráveis, as pessoas que estão em situação de risco”, disse.

Startups

A Chamada visa codesenvolver negócios e soluções inovadoras que tenham como objetivo minimizar os efeitos de emissões atmosféricas e resíduos que gerem impacto ao ciclo ambiental, fomentando, desta maneira, o ecossistema sustentável. Na ocasião, especialistas e empresas parceiras vão discutir temas como tecnologia voltadas para práticas ESG, economia circular, cidades inteligentes e descarbonização.

Além da fala do climatologista, houve também a apresentação das cinco startups selecionadas para receber os incentivos e suporte para expansão do negócio e contarão com o apoio do Senai para codesenvolver o negócio, com o objetivo de maximizar a inserção das soluções desenvolvidas no mercado. Dessas, cinco foram selecionadas Dentre as selecionadas, quatro são empresas baianas e a outra de Santa Catarina.

São elas:

Green Tech Innovation, que tem como proposta codesenvolver algoritmo Deep Learning para diagnóstico de falhas em operação de bombas de elevação e pressurização de água;

- Deep Ambiente, que propõe criar uma plataforma gameficada para monitorar grandezas elétricas, otimizando o desempenho da plataforma, facilitando o uso e melhorando a experiência do usuário;

- TRL 9, cuja a proposta é codesenvolver placas para aplicação balística a partir de resíduos de sisal, contribuindo para o meio ambiente e reduzir o custo com a produção e o peso das placas, garantindo a segurança operacional;

- Ecoloy, que propõe codesenvovler um biocomposto a partir de resíduos têxteis com objetivo de substituir o isopor utilizado em bags de delivery.

- Ocean Ride, que pretende codesenvolver um dispositivo (Ocean Ride) capaz de retirar os microplástico dos oceanos.

*Orientada pela chefe de reportagem Perla Ribeiro.