Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2022 às 17:55
- Atualizado há 2 anos
Em 2021, o rendimento médio mensal real de todas as fontes da população com algum rendimento na Bahia ficou em R$ 1.454. Em relação a 2020, quando havia sido de R$ 1.719, houve uma queda de 15,4%. Foi a maior do país e também a mais intensa para o estado desde o início da série histórica da PNAD Contínua, do IBGE, em 2012.>
A retração fez o valor do rendimento médio total baiano (R$ 1.454) chegar ao menor patamar nos nove anos considerados e levou o estado a cair três posições no ranking nacional para esse indicador, da 7ª menor renda total em 2020 para a 4 a menor em 2021 - acima apenas de Maranhão (R$ 1.270), Alagoas (R$ 1.396) e Piauí (R$ 1.409).>
O rendimento médio mensal real de todas as fontes engloba o salário (rendimento de trabalho) e outras fontes de renda, como aposentadorias, aluguéis, aplicações financeiras, pensões, doações e programas sociais ou auxílios diversos pagos pelo governo. Ele é "real" pois sua série de valores é "inflacionada", ou seja, considera os efeitos da inflação.>
No Brasil como um todo, o valor do rendimento médio real de todas as fontes ficou em R$ 2.265 em 2021, 5,1% menor do que em 2020. Houve quedas em quase todas as unidades da Federação, exceto Roraima (+3,2%) e Rio de Janeiro (+0,2%).>
Foto: Reprodução/Fonte: IBGE>
A redução recorde na renda total da população baiana entre 2020 e 2021 foi resultado de uma combinação de fatores, segundo o IBGE. Por um lado, houve quedas tanto dos rendimentos médios de trabalho quanto dos rendimentos de outras fontes, neste caso puxados pelo recuo nos valores dos programas sociais e dos diversos auxílios emergenciais pagos pelos governos. Por outro lado, houve também impacto da inflação em alta.>
Em 2021, o rendimento médio real mensal habitualmente recebido por todos os trabalhos na Bahia ficou em R$ 1.581, também mostrando uma queda recorde frente ao ano anterior (-20,4%) e chegando a seu menor valor no estado, nos nove anos de série histórica (desde 2012). O recuo baiano foi o mais intenso entre todos os estados e bem mais profundo do que o verificado no Brasil como um todo.>
Nacionalmente, o rendimento médio do trabalho foi de R$ 2.476 em 2021, 6,1% menor do que no ano anterior. No ano passado, o “salário médio” na Bahia foi o 3º mais baixo do país, acima apenas de Piauí (R$ 1.483) e Maranhão (R$ 1.494). O estado caiu cinco posições nesse ranking, já que, em 2020, ficava com o 8 o menor.>
Além da queda no salário médio, entre 2020 e 2021, a renda total baiana também foi impactada negativamente pelas mudanças nos critérios e valores dos diversos auxílios emergenciais pagos pelos governos. Isso fez com que os chamados “outros rendimentos”, onde se incluem programas sociais e auxílios, também tivessem uma queda recorde no estado, de R$ 668 em 2020 para R$ 501 no ano passado (-25,0%).>
Apesar de importante, a diminuição na Bahia ainda foi menor do que a verificada no país como um todo, onde os outros rendimentos recuaram 30,1%, indo a R$ 512 em 2021.>
Houve retrações em quase todos os estados, exceto no Distrito Federal (+9,7%), e a Bahia teve apenas a 21ª maior queda dentre as unidades da Federação. Trabalhadores que ganhavam mais tiveram maiores perdas, fazendo desigualdade salarial recuar na Bahia entre 2020 e 2021.>
Embora tenha atingido quase todas as faixas salariais, a queda no rendimento de trabalho, na Bahia, entre 2020 e 2021, não foi igual para todas as pessoas. Por ter sido mais intensa entre quem ganhava mais, acabou levando a uma redução da desigualdade salarial no estado.>
De 2020 para 2021, na Bahia, os 10% de trabalhadores com os menores salários médios, que representavam um grupo de 483 mil pessoas, tiveram um discreto ganho salarial, de R$ 166 para R$ 169 (+1,8%). A partir dessa faixa salarial, todas as demais acumularam perdas, que, em linhas gerais, cresceram conforme aumentava o rendimento médio. As maiores quedas chegaram a -33,1% entre os 10% de trabalhadores com maiores rendimentos (535 mil pessoas, cujo salário médio real recuou de R$ 9.256 para R$ 6.195 entre 2020 e 2021), e a -44,5% para o 1% com maiores rendimentos (53 mil trabalhadores, que passaram de um salário médio real de R$ 30.279 para R$ 16.796).>
Esses movimentos fizeram o Índice de Gini do rendimento habitualmente recebido por todos os trabalhos na Bahia cair de 0,557 em 2020, quando tinha sido o maior do país, para 0,500 em 2021, o 11º mais elevado. A redução do Gini da renda de trabalho na Bahia foi a mais intensa do país, onde também houve uma discreta redução da desigualdade salarial medida pelo índice, de 0,500 para 0,499, movimento acompanhado por 11 das 27 unidades da Federação.>
O Índice de Gini mede a desigualdade numa distribuição qualquer e vai de 0 a 1, sendo mais desigual quanto mais próximo de 1.>
Redução salarial maior entre os homens faz desigualdade de rendimento por sexo na Bahia cair a seu menor nível em 9 anos>
Na Bahia, entre 2020 e 2021, a redução salarial foi bem maior entre os homens (- 24,8%) do que entre as mulheres (-12,5%), o que levou a histórica desigualdade de rendimento por sexo ao menor nível desde o início da série da PNADC, em 2012. No ano passado, as mulheres trabalhadoras no estado ganhavam, em média, 8,7% menos do que os homens, ou R$ 1.493, frente a R$ 1.635. Dito de outra forma, para cada R$ 10 que um homem recebia, uma mulher recebia R$ 9,1. Essa relação já foi de pouco mais de R$ 7,3 para R$ 10 em 2017, quando a desigualdade atingiu seu ponto máximo no período recente, e estava em R$ 7,8 para R$ 10 em 2020.>
Por nível de instrução, a maior perda salarial ocorreu entre os trabalhadores com ensino superior completo (-27,1%), enquanto houve ganhos salariais reais entre quem tinha apenas o ensino fundamental (+16,0%) ou o ensino médio completo (+6,9%). Assim, em 2021, ter concluído um curso superior representava ganhar 2,7 vezes o que ganhava alguém só com ensino médio (R$ 3.859 frente a R$ 1.512). Um ano antes a relação era de 3,6 vezes. O quadro foi semelhante na análise das desigualdades por cor ou raça.>
Entre 2020 e 2021, os trabalhadores auto declarados brancos tiveram uma queda média do salário maior (-23,8%) do que a dos pretos (-14,2%) e dos pardos (-19,7%). Assim, no ano passado, enquanto o salário médio dos brancos era R$ 2.366, o dos pretos ficava em R$ 1.352 (-42,9%) e o dos pardos, em R$ 1.441 (-39,1%). Dito de outra forma, para cada R$ 10 que uma pessoa branca recebia, uma preta recebia R$ 5,7 e uma parda ganhava R$ 6,0. Um ano antes, a relação era de R$ 5 para R$ 10 e R$ 5,8 para R$ 10 respectivamente.>
Ainda assim, a desigualdade salarial na Bahia ainda era extremamente significativa em 2021: o 1% de trabalhadores com maiores rendimentos (53 mil pessoas, que ganhavam em média R$ 16.796) recebia o equivalente a quase 30 vezes (28,9) o salário médio da metade dos trabalhadores com os menores rendimentos (2,371 milhões de pessoas, que ganhavam em média R$ 581).>