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Bandidos usam promessa de emprego para obter biometria facial e aplicar golpes de até R$ 170 mil

Com a biometria facial das vítimas conseguem financiar empréstimos e bens; veja como funciona o golpe

  • Foto do(a) author(a) Perla Ribeiro
  • Perla Ribeiro

Publicado em 5 de maio de 2025 às 12:45

Bandidos usam promessa de emprego para obter biometria facial e aplicar golpes de até R$ 170 mil
Bandidos usam promessa de emprego para obter biometria facial e aplicar golpes de até R$ 170 mil Crédito: Shutterstock

A biometria facial foi criada para dar mais segurança aos processos digitais. Ao confrontar a imagem registrada no banco de dados com a da pessoa que tenta acesso a algo, é como se tivesse gravando ali uma senha de seguraça máxima. O problema é que, o que parecia inviolável, se mostrou também vulnerável a golpes. Estelionatários inventam desculpas como promessas de emprego para supostamente tirar fotos das vítimas e usar a imagem obtida para desbloquear empréstimos e financiamentos. “O rosto hoje é a senha. Ela é a porta de entrada. Ela é a chave para abrir a sua conta bancária, para abrir diversas aplicações que você tem por aí”, afirma o especialista em cibersegurança Álvaro Massad Martins. As informações são de uma reportagem do Fantástico.

Em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, duas falsas agentes de saúde dizem para a vítima que a visita a domicílio é para antecipar uma cirurgia pelo SUS que ela havia agendado. No apartamento, elas fingem tirar uma foto, mas na verdade, fazem o reconhecimento facial. Com a biometria e os dados coletados da vítima, contratam empréstimos consignados sem a idosa perceber. “Elas foram simpáticas. Hoje, quando eu vejo que eu caí na lábia delas, eu fico com raiva de mim mesmo”, conta a vítima ao Fantástico.

Com base em imagens, a Polícia Civil identificou e prendeu as duas golpistas: Joyce Melo dos Santos e Denise Silveira Pinheiro. Na casa da Denise, os policiais encontraram um jaleco. Ela e Joyce foram reconhecidas por três vítimas, que ficaram no prejuízo. “A Joyce já tinha esse histórico de estelionato e de crimes praticados no Sul. E a Denise, que foi solta, ela já respondia a um crime de estelionato contra a Caixa Econômica Federal, diz o delegado Américo dos Santos Neto. O Fantástico não conseguiu contato com a defesa de Joyce e Denise.

Em nota, a Prefeitura de São Bernardo do Campo fez um alerta dizendo que "os agentes comunitários de saúde não realizam filmagens ou fotografias do rosto dos pacientes, nem solicitam impressões digitais durante as visitas, tampouco a coleta de qualquer dado biométrico”. A Polícia Civil continua a investigação e tenta identificar e prender outros quatro criminosos que aplicavam o golpe da biometria. Enquanto isso, muitas das vítimas ainda sofrem. Elas simplesmente não conseguem suspender os descontos mensais dos empréstimos consignados.

Em nota, a Febraban diz que "cada instituição financeira tem sua própria política de análise e devolução, que é baseada em análises individuais, considerando as evidências apresentadas pelos clientes e informações das transações realizadas”. A biometria facial passou a ser usada com mais frequência a partir de 2020, inclusive para assinatura de documentos. Ela é considerada uma das tecnologias mais seguras para identificação de pessoas, já que leva em conta as medidas de vários pontos do rosto.

No Sul do Brasil, outras quadrilhas usaram o golpe da biometria para enganar pessoas que só queriam um emprego. As vítimas achavam que estavam sendo fotografadas para o cadastro da empresa, quando, na verdade, estavam assinando documentos eletronicamente. Um morador de Florianópolis imaginava ter encontrado uma boa oportunidade de trabalho como motorista. A foto que o entrevistador tirou era uma biometria facial. Com a biometria e os dados coletados durante a entrevista, os golpistas financiaram um carro em nome da vítima no valor de quase R$ 69 mil.

A vítima conseguiu entrar em contato com o banco a tempo de suspender o financiamento. Os criminosos ainda não foram identificados, mas o golpe do falso emprego já fez vítimas em outros estados. Em Guarapuava, no Paraná, Francielle Kretchemer recebeu uma proposta de emprego de uma suposta empresa de recursos humanos. Durante a entrevista de emprego, o golpista pediu para tirar uma foto dela. No dia seguinte, a surpresa: os golpistas haviam financiado um carro em nome da Francielle por R$ 170 mil.

Rafael Bueno Carneiro, e Mateus Ramos de Carvalho foram presos em flagrante enquanto aplicavam o mesmo golpe em outra vítima. “A gente acredita que um coletava os dados pessoais e biometria facial e repassava a esse segundo envolvido aqui da cidade e já tentava lá a liberação dos financiamentos veiculares”, disse o delegado Ramon Galvão Zeferino ao Fantástico. O advogado de Mateus e Rafael afirmou, em nota enviada ao Fantástico, que "nenhum valor eventual decorrente de atividades ilícitas foi auferido por eles" e "tampouco exerceram qualquer controle ou influência sobre as operações fraudulentas”. A polícia também indiciou os donos de duas revendedoras de carros que foram usadas para receber as transferências bancárias dos financiamentos.