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PMs acusados de executar morador de rua nordestino em São Paulo responderão por homicídio qualificado

Imagens das câmeras corporais dos agentes contradizem versão que deram na delegacia

  • Foto do(a) author(a) Tharsila Prates
  • Tharsila Prates

Publicado em 6 de agosto de 2025 às 22:58

Jeferson Soares foi executado por PMs no centro de São Paulo
Jeferson Soares foi executado por PMs no centro de São Paulo Crédito: Reprodução

A Justiça de São Paulo aceitou a denúncia do Ministério Público (MP-SP) contra os policiais militares Danilo Gehrinh e Alan Walace dos Santos Moreira que se tornaram réus por homicídio qualificado do alagoano Jeferson de Sousa Santos, 23 anos. O crime ocorreu no Viaduto 25 de Março, no centro da capital paulista, no dia 13 de junho, e a dupla está presa.

Nessa terça-feira (5), veio à tona o conteúdo das imagens gravadas pelas câmeras corporais dos PMs. Elas contradizem a versão de Danilo e Alan Walace, que, em depoimento na delegacia, alegaram que o morador de rua tentou tomar a arma de um deles e, por isso, foi morto com três tiros de fuzil — um na cabeça, um na lateral do tórax e outro no braço direito.

Segundo a ação do MP, os réus realizavam patrulhamento de rotina em 13 de junho, quando resolveram abordar a vítima após vê-lo descendo de uma árvore. Os agentes constataram que o homem não portava documentos e o levaram para trás de um pilar sob o viaduto. Lá, o executaram.

As imagens também mostram que a vítima estava rendida, aceitando a condução pelos policiais, que pressionam o homem contra uma parede, sem que ele pareça reagir. Ao contrário, foi filmado, inclusive, chorando e com as mãos na cabeça.

Para a promotoria, Danilo aderiu ao propósito homicida de seu colega de farda - Alan Walace - e colocou a mão sobre a lente da câmera corporal no momento dos disparos para obstruir o registro da execução. A juíza considerou ter havido "indícios suficientes de autoria e materialidade, não sendo o caso de rejeição liminar, uma vez que a inicial permite a plena identificação dos elementos da ação penal".

O motorista do grupo, o também policial Alan Eliel Aquino Vieira, não se opôs ao ato. A execução levou ao pedido de prisão cautelar de Alan Walace e Danilo, concedida em 22 de julho pela juíza Luciana Scorza. Ela aceitou a acusação inicial de homicídio com motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima, condições qualificadoras.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que os policiais estão detidos no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital e, em nota, disse: "A Polícia Militar repudia veementemente a conduta dos policiais militares envolvidos. O Comando Geral da PM, assim que tomou conhecimento das imagens, solicitou imediatamente pela prisão dos agentes".

A vítima

Antes de ir para São Paulo em 2019, Jeferson de Sousa Santos ganhava alguns trocados descarregando caminhões e trabalhando nas roças de Craíbas, município de Alagoas. Depois que a mãe morreu, ele foi para a capital paulista, onde teria emprego em uma pizzaria. Em menos de um ano estava desempregado, viciado em drogas e vivendo na rua. Essas informações foram passadas ao jornal Folha de S.Paulo pela irmã da vítima, Micaela Soares, 20 anos.

Ela contou também que a família em Alagoas não mandou dinheiro para Jeferson voltar para casa - desejo que ele manifestou recentemente - por medo de ele gastar a quantia com drogas.

"Até agora estou me perguntando o porquê da crueldade que fizeram. Por que quem estava ali para proteger tirou a vida dele, de uma forma tão cruel?", questiona a jovem.

O caso é investigado pela Corregedoria da Polícia e pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo.