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Carol Neves
Publicado em 13 de janeiro de 2025 às 08:18
Nos últimos anos, a compra de veículos por pessoas com deficiência (PCD) foi um dos principais motores do mercado automotivo, especialmente devido às isenções fiscais para carros de até R$ 70 mil. Muitas montadoras oferecem descontos adicionais e versões exclusivas para esse público, facilitando o acesso a veículos adaptados e promovendo maior autonomia e qualidade de vida. >
No entanto, com o aumento contínuo dos preços dos automóveis, esse benefício passou a ser menos relevante. Agora, as mudanças propostas pelo Senado, dentro da Reforma Tributária, trazem a questão de volta à pauta. As informações são do Uol.>
Atualmente, as pessoas com deficiência podem se beneficiar de isenções de impostos como o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) na compra de veículos. Dependendo das condições do comprador e do veículo, também há possibilidade de isenção parcial de ICMS e IPVA, que variam conforme o estado.>
Contudo, o teto para isenção total é limitado a R$ 70 mil, um valor que, com o passar dos anos, se mostrou incompatível com a realidade do mercado automotivo, especialmente diante da inflação e do aumento no custo de produção.>
O que as novas regras propõem?>
Com a reforma tributária em andamento, a proposta é substituir cinco tributos existentes por dois novos: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência federal, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que será estadual e municipal.>
Essa mudança é vista como positiva para o público PCD, pois atualmente, a isenção de impostos se aplica ao IPI e ao ICMS, mas não alcança outros impostos federais como o PIS/Cofins – algo que será atendido pela nova CBS.>
Teto para isenção parcial>
Uma das principais mudanças propostas é o aumento do teto para isenção parcial de R$ 70 mil para até R$ 200 mil, com reajustes anuais baseados na inflação. No entanto, esse ajuste não resolve o problema da isenção total, que ainda se limita a R$ 70 mil. Esse valor tem sido insuficiente para a compra de veículos adequados dentro dessa faixa de preço. A discussão sobre o teto pode ser retomada em fevereiro, no Senado.>
Critérios mais restritivos para elegibilidade>
Uma das alterações mais controversas envolve os critérios para garantir acesso ao benefício. A proposta reduz a abrangência, limitando as condições que qualificam para isenção apenas àquelas deficiências que afetem a capacidade locomotora da pessoa. Além disso, a isenção de CBS e IBS só será concedida quando as deficiências comprometerem a segurança ao dirigir, com impacto nas funções físicas que resultem em incapacidade total ou parcial para dirigir.>
Impacto no Transtorno do Espectro Autista (TEA)>
As novas regras também excluem pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) classificadas como leves (nível de suporte 1). Atualmente, não há diferenciação entre os graus do transtorno, mas a proposta limita o acesso a veículos adaptados para aqueles com maior necessidade de suporte, gerando críticas por potencialmente excluir pessoas que necessitam de apoio, mas que apresentam menor intensidade de deficiência.>
Prazo para troca de veículos>
Uma boa notícia é a redução do prazo para a troca do veículo, que passará de quatro para três anos. Essa medida visa facilitar a renovação da frota e o acesso a tecnologias mais modernas e seguras, beneficiando aqueles que já se beneficiam da isenção.>
Impactos das novas regras>
Caso as mudanças sejam aprovadas, elas começarão a valer gradualmente a partir de 2026. O objetivo da reforma é tornar o sistema de isenções mais eficiente e alinhado às reais necessidades do público PCD. No entanto, as novas regras também levantam questões sobre a acessibilidade: será que as restrições nos critérios de elegibilidade e o teto de R$ 70 mil não irão acabar excluindo aqueles que mais necessitam desses benefícios?>