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brasil
Na nova leva de mensagens, procurador avaliou como seria reação de Moro
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2019 às 20:46
- Atualizado há um ano
O procurador Deltan Dallagnol, chefe da Operação Lava Jato em Curitiba, trocou mensagens demonstrando receio em comentar o caso Flávio Bolsonaro, temendo desagradar o presidente Jair Bolsonaro, segundo reportagem do The Intercept Brasil deste domingo (21). A matéria é mais uma com material que o site afirma que recebeu de uma fonte anônima com mensagens privadas e de grupos com integrantes da força-tarefa e até o então juiz Sergio Moro.
Flávio é investigado no Rio de Janeiro por conta de movimentações atípicas feitas pelo seu ex-assessor, Fabrício Queiróz. As transações foram identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em relação ao período em que o filho do presidente esteve na Assembleia do Rio. Hoje ele é senador pelo PSL-RJ.
Nas mensagens, de dezembro do ano passado, Deltan discute com o procurador Roberson Pozzobon como deveria falar do caso. Na época o veio à tona a movimentação de Queiróz, que incluia um repasse de R$ 24 mil à primeira-dama Michelle Bolsonaro.
"Não podemos ficar quietos, mas é neste momento um pouco como com RD [Raquel Dodge, procuradora-geral]. Vamos depender dele pra reformas… Não sei se vale bater mais forte", afirma Deltan. Pozzobon responde: "Pois é. Estou na msm dúvida".
Antes, em um grupo com outros procuradores da Lava-Jato, Deltan avaliava como o caso Queiroz poderia impactar a força-tarefa e Moro. "É óbvio o q aconteceu… E agora, José?", escreveu Deltan, enviando o link de uma reportagem sobre o caso para os colegas. Ele então questiona se o presidente vai deixar que o filho seja investigado. "Moro deve aguardar a apuração e ver quem será implicado. Filho [Flávio] certamente. O problema é: o pai vai deixar? Ou pior, e se o pai estiver implicado, o que pode indicar o rolo dos empréstimos? Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo?", continua Deltan, citando a possível indicação de Moro ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele ainda questiona se Bolsonaro realmente vai apoiar a pauta anticorrupção de Moro, caso o filho seja atingido. "O quanto ele vai bancar a pauta Moro Anticorrupcao se o filho dele vai sentir a pauta na pele?".
Deltan e demais envolvidos têm afirmado que não podem confirmar a veracidade das mensagens, afirmando que são fruto de uma invasão criminosa de um hacker e que podem ter sido alteradas.