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Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2019 às 08:41
- Atualizado há 2 anos
O desembargador Leandro Paulsen, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), ordenou ao delegado da Polícia Federal Fernando Amaro Moraes Caieron que "entregue ou recolha o distintivo, a carteira funcional, os uniformes, as camisas, os acessórios e demais bens que sejam aptos para se fazer identificar como servidor da Polícia, sua arma particular ou institucional e seu passaporte".>
Caieron foi preso nesta terça (18) na Operação Chabu, investigação que mira em organização supostamente responsável pela venda de informações privilegiadas sobre missões secretas da PF. O delegado vai ficar preso, inicialmente, em regime temporário, por cinco dias.>
O desembargador determinou ao delegado que "compareça mensalmente à Justiça" e o proibiu de acessar ou frequentar "toda e qualquer dependência utilizada como sede de força policial, especialmente a Polícia Federal".>
O delegado está proibido de contatar, "pessoalmente ou por interposta pessoa, os demais envolvidos na investigação" e não pode se ausentar, sem autorização judicial prévia, de Santa Catarina.>
Caieron teve suspensa sua função pública, sem prejuízo de seus vencimentos, "pelo período necessário à conclusão das investigações".>
A Operação Chabu levou à prisão, também em regime temporário por cinco dias, o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, supostamente beneficiário, ao lado de outros políticos e empresários, de informações repassadas pelo grupo de "inteligência".>
O desembargador Paulsen suspendeu Loureiro do cargo de prefeito por 30 dias. O magistrado impôs também ao prefeito proibição de manter contato, "por qualquer forma, presencial, telefônica, telemática, etc", pessoalmente ou mediante interposta pessoa, com os demais envolvidos na investigação".>
Entre os alvos da Chabu com os quais Loureiro não poderá se comunicar, citados pelo magistrado, estão o delegado da PF e o ex-secretário da Casa Civil Luciano Veloso Lima.>
A Operação Chabu mira organização que violava sigilo de operações policiais em Santa Catarina. O grupo contava com uma rede de políticos, empresários e agentes da própria PF e da Polícia Rodoviária Federal. Segundo a PF, o grupo também contrabandeava equipamentos de contra inteligência.>
Por ordem de Paulsen, a PF cumpriu 30 mandados, sendo 23 de busca e apreensão e sete de prisão temporária. Os crimes foram descobertos a partir da análise dos materiais apreendidos na Operação Eclipse, deflagrada em agosto de 2018.>
A PF informou que o grupo "embaraçava investigações policiais em curso e protegia o núcleo político em troca de vantagens financeiras e políticas".>
A investigação apurou que "a quadrilha vazava sistematicamente informações sobre operações policiais que ainda seriam deflagradas e também contrabandeava equipamentos de contra inteligência para montar "salas seguras", à prova de monitoramento, em órgãos públicos e empresas.>
A PF investiga associação criminosa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, tráfico de influência, corrupção ativa e tentativa de interferir em investigação penal que envolva organização criminosa.>
Defesas Em nota, a prefeitura de Florianópolis informou que Gean Loureiro concordou em prestar todas as informações e comparecer à PF para depor. "As informações preliminares dão conta de que não há nenhum ato ou desvio de recursos públicos relacionados à Prefeitura", afirma a assessoria de Loureiro.>
A reportagem busca contato com as defesas do delegado Fernando Caieron e do ex-secretário Luciano Veloso Lima, atualmente ocupando função na biblioteca da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. O espaço está aberto para as manifestações. >