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Carol Neves
Publicado em 16 de julho de 2025 às 13:34
O governo brasileiro voltou a pressionar os Estados Unidos após o anúncio da tarifa de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para o mercado norte-americano. Em nova carta enviada nesta terça-feira (15), o país manifestou "indignação" com a medida, reforçou a disposição para negociar e cobrou uma resposta formal à proposta confidencial entregue em maio.>
O documento, assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, junto com o chanceler Mauro Vieira, foi endereçado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio, Jamieson Greer.>
Desde que o presidente Donald Trump anunciou, no início do ano, a criação de tarifas sobre produtos importados, Alckmin e Vieira mantêm contato com autoridades norte-americanas na tentativa de minimizar os impactos da medida.>
Segundo a carta, "o governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto". O documento ressalta que a decisão pode afetar de forma grave setores importantes das duas economias e comprometer uma relação comercial considerada tradicionalmente sólida.>
O Brasil afirma estar pronto para "dialogar com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral".>
Na comunicação, Alckmin e Vieira também contestam declarações feitas por Trump na semana passada, quando o presidente norte-americano afirmou, em carta enviada a Lula, que os Estados Unidos mantêm um déficit comercial com o Brasil. O governo brasileiro rebateu com dados oficiais dos EUA que apontam um déficit acumulado para o Brasil, nos últimos 15 anos, de aproximadamente US$ 410 bilhões em bens e serviços.>
O Brasil voltou a solicitar que Washington apresente suas principais preocupações comerciais, numa tentativa de retomar as tratativas. "Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano", diz a carta.>
Até o momento, os Estados Unidos ainda não responderam formalmente à proposta brasileira entregue em maio.>