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Carol Neves
Publicado em 25 de agosto de 2025 às 08:20
Aos 89 anos, o empresário Ernesto Iannoni trava uma longa batalha judicial contra os próprios filhos, Marco e Pascoal. A disputa gira em torno da Flexform, uma das maiores fabricantes de cadeiras de escritório do mundo, e envolve acusações de fraude na sucessão da empresa. O conflito já se arrasta há mais de uma década e chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. As informações foram divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo.>
A origem da briga remonta a 2010, quando Ernesto se aposentou e transferiu o controle da Flexform Indústria Metalúrgica Ltda. para os filhos. Pelo acordo firmado na época, ele teria direito a 25% do valor da companhia, que seria avaliado posteriormente. Segundo a defesa de Ernesto, essa participação equivaleria a cerca de R$ 50 milhões, considerando uma estimativa de R$ 200 milhões para o valor da empresa. No entanto, ele alega ter recebido apenas R$ 16 milhões, valor que considera fruto de manipulação contábil.>
"O que moveu o senhor Ernesto a processar os filhos foi ter descoberto que os filhos fraudaram a contabilidade da empresa para subvalorizá-la e pagar menos do que lhe era devido", afirmou o advogado Rafael Carneiro.>
Ernesto Iannoni e filhos disputam milhões
Um laudo recente da Polícia Civil de São Paulo reforçou as suspeitas da defesa. A perícia apontou escrituração irregular envolvendo cerca de R$ 70 milhões e indícios de uso de empresas paralelas para ocultar patrimônio. Segundo o documento, houve emissão de notas fiscais frias, omissão de bens e possível atuação de empresas de fachada.>
Do outro lado, os filhos negam as acusações. Em nota, afirmaram que lamentam a continuidade da disputa, que "apenas gera sofrimento a todos os envolvidos". Eles alegam que o pai já moveu 22 ações sobre os mesmos fatos nos últimos 14 anos, das quais 20 foram julgadas improcedentes. Para Marco e Pascoal, o novo inquérito representa apenas mais uma tentativa de reabrir uma questão já encerrada judicialmente.>
O conflito também afetou profundamente a relação pessoal entre pai e filhos. Segundo os herdeiros, Ernesto chegou a solicitar exames de DNA em quatro ocasiões diferentes, mesmo após a fase adulta dos filhos. Em 2019, eles tentaram interditar o pai, mas a Justiça rejeitou o pedido com base em laudos médicos que confirmaram sua lucidez e autonomia.>
"É a facilidade do dinheiro, é não saber o que precisa pra ganhar esse dinheiro, é nunca ter trabalhado duro", afirmou Ernesto ao refletir sobre a origem da disputa familiar. Apesar da fortuna construída desde que chegou ao Brasil sem dinheiro, aos 18 anos, vindo da Itália, ele vive hoje isolado em um haras de luxo em Capão Bonito (SP), onde cuida de 70 cavalos da raça puro sangue lusitano.>
Ele não vê os filhos nem os seis netos desde 2017, quando todos se reuniram na missa de sétimo dia da ex-mulher. "Nem me telefonaram mais", contou. Para ele, a tentativa de interdição foi a ferida mais dolorosa. "Tudo machucou. Mas o que mais machucou é o processo de interdição. Isso não machucou; isso acabou comigo", desabafou.>