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Perla Ribeiro
Publicado em 2 de julho de 2025 às 08:26
O interesse por medicamentos à base de GLP-1 (hormônio intestinal que regula a glicose e o apetite), como o Ozempic, explodiu no Brasil nos últimos meses, impulsionado principalmente por promessas de emagrecimento rápido. No entanto, um estudo inédito da Timelens, empresa de tecnologia e inteligência de dados para negócios, marcas e creators, revela que, apesar do aumento expressivo nas buscas e interações online sobre o tema, o sentimento predominante nas redes sociais é negativo, refletindo preocupações com os efeitos colaterais e o alto custo desses tratamentos. >
O levantamento mostra a ascensão da semaglutida (comercializada como Ozempic, Rybelsus e Wegovy), que ultrapassou a liraglutida (Saxenda) a partir de 2023 e se consolidou como a substância mais buscada. A partir de 2024, destaca-se também o avanço da tirzepatida (Mounjaro), considerada ainda mais eficaz, que se aproxima do Ozempic em volume de interesse em 2025, apesar do alto custo e da disponibilidade restrita no país.>
As buscas por medicamentos de emagrecimento atingiram o pico em junho de 2024, com uma curva de crescimento acentuada desde 2021. Há uma influência sazonal, com maiores volumes nas estações mais quentes, reforçando a associação entre esses fármacos e a busca pelo "corpo de verão". O termo “dieta do Ozempic” teve alta relevância nas buscas, evidenciando a forte ligação percebida entre semaglutida e emagrecimento.>
No campo das preocupações, usuários procuram por versões mais acessíveis ou genéricas, que ainda não existem devido à patente exclusiva da Novo Nordisk, prevista para expirar em 2026. Eficácia e efeitos colaterais também figuram entre os tópicos mais buscados. Nas redes sociais, o termo mais debatido é justamente “efeitos colaterais”, sendo a chamada “cabeça de Ozempic” (flacidez facial provocada por perda de peso rápida) mencionada em quase 60% das conversas sobre o tema, seguida por queixas de diarreia e vômito. Questões sobre armazenamento, especialmente por se tratar de medicamentos injetáveis, e dúvidas sobre os resultados prometidos também são frequentes.>
O estudo da Timelens, que considerou mais de 2 mil termos de busca no Google e mais de 11 mil interações nas redes sociais, revela que o preço é um dos principais pontos de atenção para quem se interessa por tratamentos com GLP-1. O alto custo das medicações torna o acesso restrito a uma parcela pequena da população, especialmente diante da ausência dessas opções no SUS. No entanto, esse cenário pode começar a mudar com a quebra da patente do Ozempic, prevista para 2026, o que pode ampliar a disponibilidade e reduzir barreiras de acesso ao tratamento.>