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Da Redação
Publicado em 2 de março de 2011 às 03:01
- Atualizado há 2 anos
O falso médico acusado de ter atendido e liberado a menina Joanna Marcenal, em julho do ano passado, afirmou, em depoimento nesta terça-feira (1º), que após a morte da criança foi orientado pela médica Sarita Fernandes a deixar o país. Ele confirmou parte das denúncias do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e disse que se apresentou à médica usando o nome verdadeiro.Alex Sandro da Cunha se entregou na noite de segunda-feira (28), na 52ª DP (Nova Iguaçu). Ele passou a noite na carceragem e foi ouvido no Tribunal de Justiça do Rio, em processo que responde por exercício ilegal da medicina. O juiz Alberto Fraga manteve a prisão preventiva do falso médico.Durante audiência, Alex Sandro confirmou que foi contratado pela médica sob a condição de que ele teria que se apresentar com outro nome, no caso do médico André Lins Moreira. Ele afirmou que “em momento algum se apresentou à Sarita como André”. Ainda segundo o estudante, a pediatra sempre soube o seu nome verdadeiro e sua condição de acadêmico.Alex contou, ainda, que fazia plantões no Hospital Rio Mar, da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, usando os documentos e carimbos de André Lins, tudo orientado por Sarita, e que parte do pagamento era repassado à médica. Ele afirmou que após a morte da menina recebeu várias ligações da pediatra. Numa delas, segundo ele, Sarita disse: “Você tem que sumir até a poeira baixar. Desaparece. Sai do país se for possível”.Procurado pela reportagem, o advogado Wanderley Rebello de Oliveira Filho, que defende a médica Sarita Fernades, disse que acusação é estranha, já que Alex Sandro trabalhou com André Lins Moreira antes de conhecer a pediatra.Mãe de Joanna choraA mãe de Joanna, a médica Cristiane Cardoso Marcenal Ferraz, acompanhou o depoimento de Alex Sandro e chegou a chorarem alguns momentos.“Estou tendo acompanhamento psiquiátrico e tomando antidepressivos. Preciso de muita força para acompanhar todo o processo e não deixar que os culpados saiam impunes. Tenho dois filhos – um casal de gêmeos, de 3 anos – que a todo momento perguntam se a irmãzinha vai voltar. É muito doloroso”, disse, após a audiência.No dia 6 de dezembro, Sarita afirmou em audiência no 3º Tribunal do Júri que não foi responsável pela contratação de Alex, mas sim pela administração do Hospital Rio Mar, da Barra da Tijuca. Na época, a assessoria do hospital disse que a médica foi a responsável direta pela contratação do falso médico, já que atuava na unidade como coordenadora da pediatria há 5 anos.Ainda segundo o Rio Mar, Sarita teria orientado o estudante a trabalhar somente à noite e, ainda, evitar conversar com outros funcionários para não levantar suspeitas. O hospital informou também que a pediatra já havia trabalhado com o falso médico em outro hospital.Prisão preventivaAlex estava foragido desde setembro, quando a Justiça decretou sua prisão preventiva. Ele é acusado de ter liberado a menina Joanna, ainda desacordada. Ela estava internada em coma desde o dia 19 de julho e morreu no dia 13 de agosto após sofrer uma parada cardíaca.Sarita Fernandes chegou a ser presa em 2010, mas a Justiça revogou a sua prisão em dezembro. Tanto ela quanto Alex também foram denunciados por estelionato, falsificação e uso de documento falso e tráfico ilícito de entorpecentes. De acordo com o TJ, o juiz condicionou a liberdade provisória da médica à apresentação do passaporte, que ficará acautelado em cartório.Relembre o casoJoanna estava internada no Hospital Amiu, em Botafogo, na Zona Sul. Antes de dar entrada na unidade, Joanna passou por outros dois hospitais. No Hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca, ela foi atendida pelo falso médico.A menina era alvo de disputa judicial entre os pais desde o seu nascimento. Seu pai, que estava com a guarda da criança na época da internação, é acusado de maus tratos e está preso desde outubro. As informações são do G1.>