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Wladmir Pinheiro
Agência Brasil
Publicado em 31 de agosto de 2025 às 17:38
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia na próxima terça-feira (2) o julgamento que pode levar à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete aliados. Eles são acusados de participar de uma trama para reverter o resultado das eleições de 2022. O grupo integra o núcleo principal da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).>
A Corte realiza o julgamento histórico dois anos e meio após os atos de 8 de janeiro de 2023. Pela primeira vez após a redemocratização do país, o julgamento pode levar um ex-presidente da República e generais do Exército à prisão sob a acusação de golpe de Estado.>
Para garantir a segurança, o Supremo preparou um esquema especial, com restrição da circulação de pessoas, varredura com cães farejadores em busca de bombas e o uso de drones nos edifícios da Corte.>
As sessões foram marcadas para os dias 2,3,9,10 e 12 de setembro.>
Nos dias 2,9 e 12, as sessões serão realizadas no período da manhã e da tarde, com pausa para o almoço. Nos dias 3 e 10, o julgamento ocorrerá somente pela manhã.>
Saiba os horários das sessões>
2 de setembro – 9h e 14h;>
3 de setembro – 9h;>
9 de setembro – 9h e 14h;>
10 de setembro –9h;>
12 de setembro – 9h e 14h.>
Quem são os réus?>
Jair Bolsonaro - ex-presidente da República>
Alexandre Ramagem - ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);>
Almir Garnier- ex-comandante da Marinha;>
Anderson Torres - ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;>
Augusto Heleno - ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);>
Paulo Sérgio Nogueira - ex-ministro da Defesa;>
Walter Braga Netto - ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022;>
Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;>
O rito do julgamento está previsto no Regimento Interno do STF e na Lei nº 8.038, de 1990, que regulamenta as regras processuais do tribunal.>
Na terça-feira (2), o primeiro dia de julgamento, a sessão será aberta às 9h pelo presidente da Primeira Turma, o ministro Cristiano Zanin. Em seguida, ele chamará o processo para julgamento e passará a palavra ao ministro Alexandre de Moraes, que fará a leitura do relatório. >
O documento trará o resumo de todas as etapas do processo, desde as investigações até a apresentação das alegações finais, a última fase antes do julgamento.>
Após a leitura do relatório, Zanin passará a palavra para a acusação e as defesas dos réus.>
Acusação>
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, será responsável pela acusação. Ele terá a palavra pelo prazo de até duas horas para defender a condenação dos réus.>
Defesas>
Após a sustentação da PGR, os advogados dos réus serão convidados a subir à tribuna para as sustentações orais em favor dos réus. Eles terão prazo de até uma hora para suas considerações.>
Crimes >
Todos os réus respondem no Supremo pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.>
A exceção é o caso do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, que, atualmente, é deputado federal. Ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e responde somente a três dos cinco crimes. A regra está prevista na Constituição. >
A suspensão vale para os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado, relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro. >
Ramagem continua respondendo pelos crimes de golpe de Estado, organização criminosa armada e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.>
Votos>
O primeiro a votar será Alexandre de Moraes, relator da ação penal. Em sua manifestação, o ministro vai analisar questões preliminares suscitadas pelas defesas de Bolsonaro e dos demais acusados, como pedidos de nulidade da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e um dos réus, alegações de cerceamento de defesa, pedidos para retirar o caso do STF, além das solicitações de absolvição.>
Moraes poderá solicitar que a turma delibere imediatamente sobre a questões preliminares ou deixar a análise desses quesitos para votação conjunta com o mérito.>
Após a abordagem das questões preliminares, Moraes se pronunciará sobre o mérito do processo, ou seja, se condena ou absolve os acusados e qual o tempo de cumprimento de pena.>
Sequência de votação>
Após o voto do relator, os demais integrantes da turma vão proferir seus votos na seguinte sequência:>
Flávio Dino;>
Luiz Fux;>
Cármen Lúcia;>
Cristiano Zanin;>
A condenação ou absolvição ocorrerá com o voto da maioria de três dos cinco ministros da turma. >
Pedido de vista>
Um pedido de vista do processo não está descartado. Pelo regimento interno, qualquer integrante da Corte pode pedir mais tempo para analisar o caso e suspender o julgamento. Contudo, o processo deve ser devolvido para julgamento em 90 dias.>
Prisão>
A eventual prisão dos réus que forem condenados não vai ocorrer de forma automática após o julgamento e só poderá ser efetivada após julgamento dos recursos contra a condenação.>
Em caso de condenação, os réus devem ficar em alas especiais de presídios ou nas dependências das Forças Armadas. Oficiais do Exército têm direito à prisão especial, de acordo com o Código de Processo Penal (CPP). O núcleo 1 tem cinco militares do Exército, um da Marinha e dois delegados da Polícia Federal, que também podem ser beneficiados pela restrição. >
Núcleos >
A denúncia da trama golpista foi dividida pela PGR em quatro núcleos. O núcleo crucial ou núcleo 1, formado por Jair Bolsonaro, será o primeiro ser julgado. As demais ações penais estão em fase de alegações finais, última etapa antes do julgamento, que deverá ocorrer ainda neste ano. >