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Mãe diz que filha ficou em coma após receber anestesia aplicada por amiga em casa

Aplicação caseira teria sido feita de maneira inadequada

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 10 de março de 2025 às 11:01

Flávia Bicalho (à esq.) e a filha Letícia
Flávia Bicalho (à esq.) e a filha Letícia Crédito: Reprodução

A vida da funcionária pública Flávia Bicalho, 55 anos, de Nova Lima (MG), mudou drasticamente quando sua única filha, Letícia, 31, entrou em coma após uma reação adversa a um bloqueio anestésico aplicado em casa. O procedimento, realizado pela médica anestesista Natália Peixoto, amiga de infância de Letícia, teria sido feito de forma inadequada, segundo Flávia. A família protocolou uma queixa-crime no Ministério Público de Minas Gerais e denunciou o caso ao Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG), pedindo a cassação da licença médica de Natália. Procurada, a médica não quis se manifestar. As informações são do Uol. 

Letícia convive há anos com a síndrome de Bertolotti, que causa dor lombar crônica. Para aliviar a dor, ela já havia passado por uma cirurgia endoscópica na coluna, mas, como a dor persistiu, médicos recomendaram a aplicação regular de bloqueios anestésicos. O primeiro bloqueio foi realizado em um hospital, sem complicações. No entanto, o segundo, feito em casa por Natália, em setembro do ano passado, resultou em uma reação grave: Letícia teve duas convulsões, vomitou, aspirou o próprio vômito e sofreu uma parada cardiorrespiratória. Ela foi reanimada e intubada, mas permanece em coma desde então.

Flávia relata que a filha confiava plenamente em Natália e que a família não sabia que o procedimento seria feito em casa. Após o primeiro bloqueio caseiro, Letícia contou aos pais, mas disse que o tratamento era à base de produtos naturais, como arnica e camomila. No entanto, Natália teria aplicado medicamentos como a ropivacaína, que não pode ser administrada fora de ambientes hospitalares. "Nós jamais imaginaríamos que a Natália levaria para casa dela um medicamento que não pode sair de clínica ou hospital", diz Flávia. "Foi um erro atrás do outro."

A mãe também critica a demora de Natália em prestar socorro após a reação adversa. Em vez de chamar imediatamente o Samu ou uma ambulância, a médica teria esperado que o marido e o cunhado chegassem para ajudar. Além disso, Flávia afirma que o bloqueio não deveria ter sido realizado naquele dia, pois Letícia havia se submetido a um procedimento com ventosa na véspera, o que aumenta os riscos de complicações.

Letícia está internada no Hospital Materdei Contorno, em Belo Horizonte, e o plano de saúde cobre as despesas hospitalares. No entanto, a família já gastou mais de R$ 200 mil com custos extras, como transporte aeromédico, uma cadeira de rodas sob medida e tratamentos como fisioterapia e neurorreabilitação. A família busca na Justiça que Natália arque com esses gastos.

O prognóstico de Letícia é considerado grave. Segundo Flávia, a filha sofreu um comprometimento cerebral significativo e não responde a estímulos. "Letícia é uma menina boa demais, daquelas amigas de todo mundo. Infelizmente, foi na inocência porque confiava demais na Natália. Ela tem de voltar [do coma]. É a minha única filha", desabafa a mãe.

O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público de Minas Gerais, e o CRM-MG afirmou que todas as denúncias são apuradas, mas os procedimentos correm sob sigilo. O bloqueio anestésico deve ser realizado em ambiente hospitalar, com monitoramento adequado, devido aos riscos de complicações, como reações alérgicas, intoxicação, arritmias e paradas cardíacas.