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Perla Ribeiro
Publicado em 8 de agosto de 2025 às 08:58
O colesterol alto é um vilão silencioso e, no Brasil, já atinge mais de 23 milhões de pessoas, segundo o Ministério da Saúde. O impacto é direto: as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no país, representando aproximadamente 30% dos óbitos anuais. Para ser mais exato, mais de 380 mil brasileiros morrem por ano vítimas de problemas no coração, veias e artérias e cerca de 14 milhões têm alguma doença no órgão, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Estima-se que até 30% desses casos estejam associados ao colesterol alto, reforçando a importância da prevenção e da vigilância contínua. >
No 8 de agosto, que é marcado como o Dia Nacional de Combate ao Colesterol, especialistas aproveitam para alertar sobre os riscos desse vilão para a saúde. E para falar desse vilão silencioso é preciso começar desmistificando algumas crenças: aparência física não garante proteção cardiovascular. Segundo o cardiologista Gustavo dos Reis Marques, do Hospital Costantini, o colesterol alto é uma condição que pode atingir qualquer pessoa, inclusive aquelas que não estão em condição de sobrepeso. >
“A avaliação clínica precisa ir além do que se vê no espelho. Fatores genéticos e o acúmulo de gordura visceral, que não é aparente, estão entre os principais motivos de alterações nas taxas de colesterol, mesmo em pessoas magras”, explica. Essa gordura invisível, que se acumula em órgãos como fígado e coração, altera diretamente o metabolismo, podendo elevar o LDL (colesterol ruim) e reduzir o HDL (colesterol bom). >
O problema é silencioso e, por isso, exames preventivos são fundamentais. “Existem pessoas magras que se alimentam mal, são sedentárias e vivem sob estresse. Tudo isso impacta a saúde cardiovascular”, alerta o médico. Ainda segundo ele, o colesterol alto é um inimigo silencioso, mas combatê-lo começa por atitudes simples. E a mais eficaz delas é o cuidado contínuo, com o corpo, a mente e o prato.>
Já o cardiologista Nivaldo Filgueiras, vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM) e vice-presidente do Conselho Administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), chama atenção para o fato de que os hábitos que favorecem o aumento do colesterol incluem uma dieta rica em gorduras poliinsaturadas, frituras, fast foods, todos esses alimentos industrializados como biscoitos, amanteigados, salgadinhos, os alimentos que são fritos ao invés de serem cozidos ou grelhados. "Tudo isso dificulta e aumenta os níveis de colesterol ruim que é o LDL colesterol”, destacou>
O vice-presidente da ABM explica ainda que 50 minutos de atividade física, três vezes por semana, ou 30 minutos cinco vezes por semana é o suficiente para diminuir drasticamente os riscos de doenças cardiovasculares. “150 minutos de atividade física ou de caminhada regular por semana é muito importante para evitar os eventos de doenças cardiovasculares ou a propensão para essas doenças graves, como o infarto e o AVC”, finalizou.>
A nutricionista Cristiane Mara de Carvalho, também do Hospital Costantini, afirma que um plano alimentar adequado pode fazer toda a diferença. “Em alguns casos é possível, sim, reduzir o colesterol ruim e aumentar o bom apenas com mudanças simples na alimentação. O segredo está no equilíbrio e na constância”, explica. A especialista destaca três pilares essenciais de uma dieta cardioprotetora: fibras solúveis, gorduras boas e fontes de ômega-3.>
Pilares essenciais:>
1. Fibras solúveis – encontradas em alimentos como aveia, maçã, cenoura e feijão, ajudam a “capturar” o colesterol no intestino, facilitando sua eliminação;>
2. Gorduras boas – azeite de oliva extravirgem, abacate, castanhas e sementes são aliados na elevação do HDL;>
3. Fontes de ômega-3 – como sardinha, salmão e atum, que têm ação anti-inflamatória e protegem as artérias.>