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Carol Neves
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 13:42
A família de Rayza Emanuelle Oliveira Souza, de 26 anos, ainda busca respostas para a morte da jovem, encontrada sem vida em um quarto de motel na Via Chico Mendes, em Rio Branco, no Acre, na noite do dia 18 de setembro. O corpo apresentava sangramento na boca e foi encontrado com um travesseiro sobre a cabeça. >
O Instituto Médico Legal emitiu uma certidão apontando a causa do óbito como inconclusiva, o que reforçou a desconfiança dos familiares de que Rayza possa ter sido assassinada. “Explicaram que são 15 dias para a gente ter o laudo e aí encaminham o caso para a delegacia de homicídio, caso tenha alguma confirmação. Depois disso, a polícia não nos procurou mais e nem passou nenhuma informação. O pai dela foi lá tentar conversar com o delegado”, contou uma tia, que pediu para não ser identificada, ao portal G1.>
Jovem foi encontrada morta em motel
A Polícia Civil diz que aguarda o laudo definitivo e que, inicialmente, não foram constatados sinais de violência no corpo.>
Saúde mental e perda da guarda dos filhos>
Rayza era mãe de duas crianças, de 3 e 9 anos, que estavam sob os cuidados da avó materna. Segundo familiares, a guarda foi transferida após episódios de surtos decorrentes do transtorno bipolar, diagnosticado ainda na infância. Durante crises, a jovem chegava a abandonar os filhos e se envolver em confusões em espaços públicos.>
Um desses episódios aconteceu dentro do Tribunal de Justiça, quando Rayza, em surto, tirou a roupa na frente de todos. Na ocasião, os filhos foram encaminhados ao Conselho Tutelar. “Quando estava em surto, ela abandonava e deixava as crianças sozinhas. Por isso, a mãe dela ficou com a guarda, pela segurança deles”, disse a tia.>
A família relata que a jovem sempre esteve em acompanhamento médico, utilizava diferentes medicamentos e enfrentava dificuldades para manter estabilidade. Ainda assim, não acreditam que a morte esteja relacionada ao uso de drogas. “Nunca vi e familiar nenhum viu [ela usar drogas]. Esse problema dela era bem grave e a gente vinha lutando há vários anos com ela”, completou a parente.>
Suspeitas e boatos>
No dia em que morreu, Rayza disse aos familiares que iria a um curso de cuidador de idoso e que voltaria de aplicativo. Testemunhas teriam relatado que ela foi vista em uma parada de ônibus e entrou no motel depois de um homem que já havia chegado. A família acredita que ela tenha sido atraída para um encontro. “A gente notou o pescoço dela muito inchado. Ela acabou sendo enforcada e não teve defesa”, afirmou a tia.>
Após a morte, surgiram rumores de que Rayza trabalhava como garota de programa, o que foi negado pelos parentes. “Falaram que ela era prostituta, que estava se prostituindo para ganhar dinheiro pros filhos. É mentira. Se ela estava fazendo isso, era porque queria e não porque precisava. O pai dela dava uma pensão pra ela, as tias, a avó sempre mandavam dinheiro e também vimos os PIXs que o namorado mandava para ajudar”, explicou.>
A jovem morava sozinha no bairro Estação Experimental. Era formada como técnica de enfermagem e havia iniciado o curso de Direito, mas nunca conseguiu estabilidade profissional. A família acredita que o histórico de crises atrapalhou sua inserção no mercado.>
Apesar das dificuldades, os parentes destacam que Rayza buscava manter os estudos e sonhava com uma vida melhor. “Estava feliz fazendo Direito. A gente sabia que iria terminar porque quando ela começava, terminava”, contou a tia.>