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Fernanda Varela
Publicado em 23 de setembro de 2025 às 15:18
Depois de 14 anos trabalhando no refeitório da Denver Place Elementary, em Wilmington, Ohio, Debbie Solsman foi desligada após oferecer refeições sem cobrança a estudantes que chegavam à escola sem dinheiro para o almoço. O gesto, segundo familiares e vizinhos, era uma resposta imediata a uma situação que ela via com frequência, crianças cuja única refeição garantida naquele dia vinha do colégio.>
Debbie Solsman
Para Solsman, a atitude era simples, humana e urgente: substituir um lanche insuficiente por um prato quente, anotar pequenas dívidas em bilhetes, até mesmo usar recursos próprios para garantir que nenhuma criança ficasse sem comer. Para a administração escolar, entretanto, o procedimento configurou irregularidade administrativa, por não registrar vendas e por fornecer alimentos sem o devido controle financeiro.>
A demissão provocou reação imediata na comunidade local. Pais, colegas e moradores organizaram campanhas de apoio, e a história ganhou repercussão nacional, abrindo uma discussão mais ampla sobre como regras rígidas, aplicadas sem contexto, podem falhar diante de necessidades básicas. O caso expôs a tensão entre procedimentos burocráticos e a realidade de famílias em vulnerabilidade, que dependem de programas escolares para a alimentação dos filhos.>
Autoridades da rede escolar defenderam que existem normas a serem cumpridas para garantir transparência e segurança, e que, segundo a administração, as políticas sobre merenda servem para manter o funcionamento correto do sistema. Ainda assim, críticos apontam que procedimentos estritos não devem se sobrepor ao cuidado imediato com crianças em risco de desnutrição ou insegurança alimentar.>
Mais do que um episódio isolado, a saída de Solsman reacende o debate sobre programas de alimentação escolar, sobre lacunas na assistência social e sobre a necessidade de protocolos que permitam resposta humana sem punir quem age para proteger crianças. Para muitos na cidade, a demissão revelou menos zelo por disciplina, e mais uma falha em enxergar o humano por trás das regras.>
Enquanto a comunidade organiza formas de auxílio e apoio à funcionária, o episódio segue como lembrete: políticas públicas precisam combinar controle e sensibilidade, regras encontram eficácia quando não perdem de vista a urgência das vidas que deveriam proteger.>