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Wladmir Pinheiro
Carol Neves
Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 15:09
O ex-policial militar Wanderlan Limeira de Sousa, 44 anos, acusado de liderar a quadrilha que fraudou o Concurso Nacional Unificado (CNU) morreu nessa terça-feira (16), no Hospital Regional de Patos, na Paraíba.>
Wanderlan foi expulso da corporação em 2021 e estava preso acusado de homicídio, peculato, concussão, abuso de autoridade e uso de documentos falsos. >
Veja os tipos mais comuns de fraude virtual
Após ser expulso da PM, ele chegou a ser aprovado em concursos da Previdência Social e, em 2024, participou do CNU e do concurso do Banco do Brasil. Segundo a PF, sua inscrição no CNU teria servido para demonstrar a eficácia do esquema a potenciais clientes, resultando na aprovação para o cargo de auditor fiscal do trabalho, com salário inicial de R$ 22,9 mil.>
Segundo a investigação, a organização cobrava até R$ 500 mil por vaga e utilizava recursos tecnológicos para driblar os sistemas de segurança das bancas examinadoras, incluindo dispositivos eletrônicos implantados cirurgicamente, dublês e comunicação em tempo real durante as provas.>
Em diálogos interceptados, Wanderlan orientava seu filho, Wanderson Gabriel Limeira de Souza, responsável pela execução técnica das fraudes: “Você esqueceu que tem o CNU, meu filho. A nossa comissão vai ser lá no CNU. Vou batalhar pra nós, ver se ‘nós consegue’ na ‘poiva’”.>
Filha aprovada servia de "vitrine">
A investigação apontou que familiares de Wanderlan integravam a estrutura: os irmãos Valmir e Antônio, a cunhada Geórgia e a sobrinha Larissa desempenhavam funções específicas. Larissa, também aprovada no CNU, era usada como "vitrine" para atrair novos interessados, reforçando a credibilidade do método quando outros membros da família também obtinham sucesso em concursos.>
Outros integrantes do grupo foram identificados, como Ariosvaldo Lucena de Sousa Júnior, policial militar do Rio Grande do Norte, dono de clínica odontológica suspeita de lavar dinheiro, e Thyago José de Andrade, responsável por controlar pagamentos e repassar informações sobre as fraudes. A PF identificou empréstimos e transações de alto valor ligados ao esquema, incluindo R$ 400 mil emprestados para garantir a aprovação de Larissa.>
Gabaritos iguais >
Entre as evidências, destacam-se gabaritos idênticos no CNU 2024 apresentados por Wanderlan, Valmir, Larissa e Ariosvaldo, inclusive nos erros, indicando improbabilidade de coincidência equivalente a ganhar na Mega-Sena repetidamente 18 ou 19 vezes. A PF aponta o uso de pontos eletrônicos, mensagens codificadas e comunicação externa para transmitir respostas.>
Grupo se envolveu em fraudes desde 2015>
O grupo atuou em dezenas de concursos entre 2015 e 2025, beneficiando pelo menos dez pessoas no CNU 2024 e outros candidatos em certames da Caixa Econômica. Entre os investigados, estão Eduardo Henrique Paredes do Amaral, Allyson Brayner da Silva Lima, Mylanne Beatriz Neves de Queiroz Soares e Laís Giselly Nunes, esta última aprovada no TCE-PE, cujo resultado do concurso foi suspenso.>