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Motoboy detido após levar facada no RS trabalha até 16 horas por dia

Rotina pode chegar a até 96 horas semanais

  • Foto do(a) author(a) Jornal O Povo
  • Jornal O Povo

Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 16:55

Motoboy Crédito: Agência Brasil

Everton da Silva, 40, homem negro detido após ser esfaqueado por Camargo Kupstaits, 72, um homem branco, no último sábado, 17, em Porto Alegre, revelou trabalhar como entregador por até 16 horas por dia. Segundo o relato do motoboy, ele exerce o expediente das 8 horas até 23h30min de segunda a sábado, semanalmente.

Everton está na profissão há 12 anos e conta que atualmente trabalha realizando entregas de comidas ou objetos, que consegue via grupos de Whatsapp com outros motoboys. A carreira começou quando saiu do emprego de serigrafista de camisas, ramo no qual ficou por dez anos. As informações são da Folha de São Paulo.

“É cansativo, mas tenho que sair para trabalhar, pagar as contas. Eu comecei como motoboy porque estava desempregado. Aí eu tinha moto, carteira, e aprendi”, conta o trabalhador, em entrevista à Folha.

O entregador afirma que nessa mais de uma década, nunca passou por nenhuma situação como a do fim de semana, onde uma discussão resultou em uma possível tentativa de homicídio. Na ocasião, Everton foi algemado e levado para a delegacia mesmo após ser atingido por Kupstaitis, que foi conduzido logo em seguida.

Abordagem é apontada como racismo institucional

O caso ganhou repercussão nas redes sociais após imagens que mostram os policiais algemando Everton e conversando com Camargo serem divulgadas. Ainda no sábado, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, determinou abertura de uma sindicância na Brigada Militar do Estado para averiguação de possível caso de racismo, conforme veiculado pela Agência Brasil.

Esse também foi o ponto destacado pelo titular do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida. Em sua conta no X (antigo Twitter) o ministro afirmou que o caso é um exemplo de racismo institucionalizado, ainda existente no país.

“O caso do trabalhador negro, no Rio Grande do Sul, que tendo sido vítima de agressão acabou sendo tratado como criminoso pelos policiais que atenderam à ocorrência, demostra, mais uma vez, a forma como o racismo perverte as instituições e, por consequência, seus agentes”, diz a publicação.

Após a agressão, tanto Everton quanto Camargo foram levados à delegacia e liberados após depoimento. No entanto, ambos ainda podem ser indiciados, pois em primeiro momento a investigação aponta “lesões corporais recíprocas” devido à reação de Everton ao ataque, que não foi especificada pela Polícia.