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Larissa Almeida
Publicado em 27 de agosto de 2025 às 12:58
Um vídeo gravado durante um batizado em uma igreja católica no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, se tornou material de análise da polícia após uma família registrar queixa contra o padre por intolerância religiosa. Segundo a família, o religioso se recusou a dizer o nome da menina, Yaminah, de origem árabe, alegando que teria ligação com um culto religioso. >
As imagens capturadas por uma tia durante a celebração mostram o momento em que familiares pedem ao religioso que diga o nome da menina. O padre, no entanto, insiste em se referir a ela apenas como “a criança” ou “a filha de vocês”. >
Segundo a mãe, Marcelle Turan, a resistência começou antes mesmo do batizado. “O padre chamou a minha sogra e disse que não falaria o nome da nossa filha porque não era cristão. Depois, na sacristia, ele disse que estava ligado a um culto religioso e que, por isso, não falaria. Ele sugeriu usar Maria antes, mas não aceitamos”, relatou ao g1 Rio de Janeiro. >
No momento central do rito, quando a água é derramada na cabeça da criança e costuma ser dita a frase “eu te batizo, [nome]”, a família afirma que o nome não foi mencionado. >
Os pais, Marcelle e David Fernandes, disseram que a escolha do nome foi feita com cuidado. “Queríamos algo forte, com significado importante. Yaminah significa justiça, prosperidade, direção. É um nome muito bonito, não havia necessidade disso acontecer”, disse a mãe. >
O Código de Direito Canônico da Igreja Católica recomenda que os pais evitem nomes “alheios ao sentido cristão”, mas especialistas lembram que essa diretriz não impede o batismo. “Desde a década de 1980 não é obrigatório ter um nome de santo. Qualquer pessoa pode ser batizada com qualquer nome”, afirma Rodrigo Toniol, professor de Ciências Sociais da Religião da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em entrevista ao g1 Rio de Janeiro. >
A Arquidiocese do Rio informou em nota que o sacramento foi realizado corretamente e que o nome da criança não é citado em todos os momentos da celebração, apenas em pontos específicos da liturgia. O texto acrescenta que padres podem oferecer orientações pastorais sobre nomes, mas que essas sugestões são apenas aconselhativas. >