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R$ 2 bilhões em fraudes: o golpe que desviou dinheiro do FGTS com ajuda de funcionários da Caixa

Esquema operava há cinco anos e atingia beneficiários do FGTS, seguro-desemprego e programas sociais

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 21 de abril de 2025 às 16:01

App do FGTS
App do FGTS Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil

A Polícia Federal desmantelou um esquema criminoso que movimentou ao menos R$ 2 bilhões em fraudes contra beneficiários de programas sociais, trabalhadores com saldo no FGTS e pessoas com direito ao seguro-desemprego. O golpe, que se estendia por todo o país nos últimos cinco anos, só foi possível graças à atuação de servidores da própria Caixa Econômica Federal.

De acordo com reportagem do Fantástico, da TV Globo, as investigações revelaram que os criminosos acessavam ilegalmente dados pessoais de milhares de brasileiros, identificavam benefícios ativos e contavam com a colaboração de funcionários da Caixa para invadir contas no aplicativo Caixa Tem. Os servidores envolvidos alteravam e-mails dos beneficiários cadastrados no sistema, substituindo-os por endereços controlados pela quadrilha, o que permitia redefinir senhas e assumir o controle total das contas. A partir daí, os criminosos realizavam transferências via PIX, pagamentos e até saques diretos na boca do caixa.

O responsável por coordenar essas invasões era um homem conhecido como “Careca”, que chegou a ser preso em 2022, no Rio de Janeiro, junto de um comparsa. Ambos foram detidos perto de uma agência da Caixa e liberados para responder em liberdade. No entanto, o notebook apreendido com eles trouxe à tona o funcionamento interno do esquema. Segundo a Polícia Federal, tratava-se de uma fraude sofisticada, operada com ajuda de tecnologia e acesso privilegiado ao sistema da instituição bancária.

Para executar o golpe em larga escala, a quadrilha utilizava um software que simulava o funcionamento de diversos celulares a partir de um computador, permitindo a invasão simultânea de centenas de contas por dia. Os criminosos agiam em ritmo contínuo, repetindo o golpe diversas vezes para acumular valores maiores, já que os benefícios individuais não são tão elevados.

A atuação criminosa se estendeu por anos sem ser interrompida, o que, segundo os investigadores, só foi possível devido ao envolvimento direto de funcionários da Caixa. Um dos servidores chegou a realizar saques presenciais a mando do grupo. A Polícia Federal afirmou que o fortalecimento dos mecanismos de controle interno é essencial. “Esses setores conseguem, de maneira online, identificar fraudes e incorreções nas agências”, declarou o delegado Pedro Bloomfield Gama Silva.

De acordo com Anderson Possa, vice-presidente de Logística, Operações e Segurança da Caixa, a instituição está investindo em novas tecnologias para conter esse tipo de ação. “Estamos implementando mais sistemas, tanto de biometria quanto de monitoramento via inteligência artificial, para que se diminua e a gente possa chegar ao menor número possível de fraudes”, afirmou.

A Caixa Econômica reconheceu os desvios e informou que os valores subtraídos já foram devolvidos às vítimas. Também confirmou que os funcionários envolvidos foram demitidos. Apesar da gravidade do crime, muitos dos investigados continuam em liberdade enquanto respondem aos processos. Quem foi lesado pode procurar uma agência da Caixa ou entrar em contato pelo número 0800 726 0101 para registrar a ocorrência e solicitar ressarcimento.

A operação mais recente da PF foi realizada em 14 cidades do estado do Rio de Janeiro e resultou na apreensão de computadores e celulares.