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Perla Ribeiro
Agência Einstein
Publicado em 29 de julho de 2025 às 08:27
Eles têm presença diária na mesa da maioria dos brasileiros e são queridinhos no prato de muita gente. No entanto, embora o prato de feijão com arroz ainda seja considerado um dos símbolos da alimentação brasileira, pesquisas têm mostrado que a dupla anda perdendo lugar no cardápio. Mas ambos precisam voltar a ocupar seu espaço, especialmente o feijão, já que oferecem uma porção de benefícios, atestados pela ciência. A família das leguminosas — que além dos feijões engloba o grão-de-bico, a lentilha, a ervilha e a soja, entre outros — aparece em uma revisão de estudos que aponta seu papel em prol da saúde cardiovascular e revela mecanismos de ação envolvidos nessa proteção. >
Publicado recentemente no periódico International Journal of Molecular Sciences, o artigo traz evidências de que o consumo cotidiano desses alimentos contribui para o equilíbrio glicêmico e de colesterol, ajuda a regular a pressão arterial e ainda reduz o risco da obesidade. Por trás desses benefícios estão diversos compostos. “Vale destacar as fibras alimentares, os polifenóis, as saponinas e os fitoesteróis”, enumera a nutricionista Paula de Carvalho Morelli, do Einstein Hospital Israelita. Merecem atenção também os peptídeos bioativos, que são pedacinhos de proteína, e as isoflavonas vindas da soja.>
Enquanto algumas dessas substâncias interferem com a absorção do colesterol, reduzindo os níveis dessa molécula gordurosa na circulação, outras têm ação anti-inflamatória e antioxidante, efeitos que preservam as artérias. Há indícios de que polifenóis, por exemplo, contribuam para a produção de óxido nítrico, um agente vasodilatador, favorecendo a elasticidade dos vasos e ajudando a combater a hipertensão.>
“As leguminosas, em geral, também contêm potássio, mineral que colabora para o controle da pressão arterial”, comenta a nutricionista Milena Gomes Vancini, coordenadora do Ambulatório de Nutrição no setor de Cardiopatia Hipertensiva, Lípides, Aterosclerose e Biologia Vascular, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).>
Sem contar que são ricas em proteína. Atualmente, muitas diretrizes de saúde recomendam priorizar fontes proteicas do reino vegetal e diminuir as de origem animal, numa estratégia que reduz a ingestão de gordura saturada, cujo excesso tem sido atrelado ao aumento do risco cardiovascular.>
Modo de preparo>
Para usufruir dessas benesses, alguns macetes são bem-vindos. Uma sugestão é lançar mão do remolho, que consiste em deixar os grãos de molho por cerca de oito a 12 horas e ir trocando a água. Além de facilitar o cozimento, o processo ajuda a reduzir fitatos, taninos e lectinas, substâncias que atrapalham a absorção de sais minerais. “O estudo ressalta também que o remolho melhora a digestibilidade e preserva os efeitos cardioprotetores”, diz a nutricionista do Einstein.>
Vale combinar as leguminosas com cereais, ou seja, aveia, arroz e milho, por exemplo. A junção oferece aminoácidos essenciais – partículas proteicas que nosso corpo precisa obter via alimentação. Assim, se garante proteína da melhor qualidade. Aos que alegam falta de tempo para preparar feijões e afins, a dica é congelar. “A sugestão é fazer em um dia mais tranquilo, aos finais de semana, por exemplo”, orienta a nutricionista da Unifesp. Daí é só descongelar quando quiser consumir.>
Quanto maior for a variedade desses grãos no cardápio, mais substâncias benéficas no dia a dia. Não faltam deliciosas opções. Os botânicos explicam que as leguminosas pertencem a uma família que cresce em vagens e são cerca de 20 mil espécies. Veja, a seguir, algumas das mais populares aqui no Brasil:>