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Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2020 às 09:57
- Atualizado há 2 anos
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, convocou quatro ministros substitutos para participarem do julgamento que decidirá sobre o afastamento de Wilson Witzel (PSC) do governo do Rio previsto para hoje. Segundo seis ministros do STJ ouvidos pela reportagem, a tendência é a de que seja mantida a decisão tomada pelo ministro Benedito Gonçalves. Na última sexta-feira, 28, ele afastou Witzel do cargo por 180 dias.>
A Corte Especial é formada por 15 dos 33 ministros mais antigos do tribunal. De acordo com técnicos do STJ ouvidos pela reportagem, são necessários um mínimo de 10 votos (quórum qualificado de 2/3) para que Witzel continue afastado do cargo de governador.>
Felix Fischer, João Otávio de Noronha, Jorge Mussi e Herman Benjamin pediram para não participar do julgamento, alegando suspeição ou impedimento. Com quatro ministros a menos, Martins convocou Isabel Gallotti, Antonio Carlos Ferreira, Villas Bôas Cueva e Marco Buzzi para participarem da sessão. Um dos ministros substitutos teve de ser trocado - Paulo de Tarso Vieira Sanseverino avisou aos colegas que não poderia acompanhar a sessão.>
Integrantes do STJ avaliam que as trocas não mudam a tendência da Corte Especial de manter Witzel afastado do cargo. Em uma última cartada, a defesa do governador pediu ontem ao Supremo que fosse suspensa a sessão da Corte Especial, programada para começar nesta quarta-feira, 2, às 14h. Até o fechamento desta edição, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, ainda não havia decidido sobre o caso.>
Motivos Um dos ministros mais rigorosos e técnicos do tribunal, Fischer se declarou impedido porque um ex-auxiliar atua como advogado de um dos alvos da investigação que mirou a cúpula política do Estado do Rio. Já o ministro João Otávio de Noronha, que acaba de deixar a presidência do STJ, também se declarou impedido para julgar processos relacionados à compra de equipamentos para o combate à covid-19 devido à atuação de sua filha, a advogada Anna Carolina Noronha Borelli, no caso.>
Herman, por sua vez, conhece os advogados que estão defendendo investigados. Ao analisar um habeas corpus em junho, Mussi apontou razões de "foro íntimo" para declarar sua suspeição ao analisar o habeas corpus do ex-subsecretário de Saúde Gabriell Santos.>
Integrantes do STJ avaliam que o caso de Witzel é "cabuloso", consideram as denúncias "muito graves" e apontam que o governador afastado do Rio "seguiu o mesmo rumo" do ex-governador Sérgio Cabral. Cabral, cuja soma de todas as penas já chega a 282 anos de prisão, está preso desde novembro de 2016, quando foi detido pela Polícia Federal na Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato no Rio. O ex-governador está no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.>
Como são proibidos pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional de se manifestar publicamente sobre processos que ainda serão julgados, os ministros preferiram comentar sob reserva as denúncias contra Witzel. A avaliação de magistrados é a de que está "muito bem fundamentada" a decisão de Benedito Gonçalves, que afastou Witzel e prendeu seis investigados por irregularidades na área de Saúde do Rio.>
Martins, que assumiu o comando do STJ na semana passada, no lugar de João Otávio de Noronha, quer que a composição da Corte Especial esteja completa na sessão marcada para hoje, com 15 ministros presentes, para que a situação do governador afastado seja discutida pelo tribunal. O processo vai ser o primeiro convocado pelo novo presidente do STJ para julgamento na sessão, a primeira da Corte Especial desde que o ministro assumiu.>
Pelas regras do STJ, Martins não é obrigado a votar. Se, por acaso, o placar estiver 8 a 6 (com oito votos a favor do afastamento de Witzel, inferior aos 10 necessários) ou 11 x 3 (com 11 votos pelo afastamento, acima dos dez votos para manter a decisão contra Witzel), o presidente do STJ não precisa se manifestar, já que a sua posição não vai fazer diferença no resultado.>
Segundo o Estadão apurou, a defesa de Witzel pretende apresentar "questões de ordem" no julgamento, para discutir a questão do quórum qualificado e garantir o direito de apresentar os principais pontos da defesa do governador antes que os ministros iniciem a leitura dos votos.>
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>