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Traficante mais procurado do Brasil vive em meio ao luxo na Bolívia

Sérgio Luiz de Freitas Filho, o Mijão, ocupa mansões, usa identidade falsa e movimentou mais de R$ 1 bilhão

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 8 de setembro de 2025 às 08:40

Sérgio Luiz de Freitas Filho
Sérgio Luiz de Freitas Filho Crédito: Reprodução

Apontado pelo Ministério Público como o traficante mais procurado do Brasil, Sérgio Luiz de Freitas Filho, apelidado de “Mijão”, “Xixi” ou “2X”, transformou Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em seu território. Mesmo na lista vermelha da Interpol, ele circula livremente pela cidade há mais de dez anos, usando identidade falsa e desfrutando de imóveis milionários em condomínios fechados. A informação foi divulgada pelo programa Fantástico, da TV Globo. 

Documentos obtidos pelo programa revelam que Sérgio, um dos líderes do PCC, já morou em pelo menos seis mansões. Em uma delas, o aluguel chegava a quase R$ 30 mil, com direito a quadra de tênis, campo de futebol, três piscinas e lago artificial. “Só propriedades bonitas. Quem não tem dinheiro, não pode”, descreveu o fotógrafo Ditter Morales.

Sérgio Luiz de Freitas Filho, o Mijão por Reprodução

Nascido em Campinas (SP), Sérgio começou a trabalhar cedo em uma metalúrgica e depois se tornou sócio de uma usinagem. Mas, segundo o promotor Lincoln Gakiya, foi levado à Bolívia por Gegê do Mangue, antigo líder do PCC, para fiscalizar o fornecimento de pasta base de cocaína ao Brasil. “Ele foi crescendo dentro da organização”, explicou.

A Polícia Federal passou a monitorá-lo em 2013, após alerta do DEA, agência antidrogas dos Estados Unidos. Naquele ano, câmeras de segurança registraram sua passagem pelo aeroporto de Viracopos, em Campinas, de onde seguiu com comparsas para o Mato Grosso do Sul, com destino à fronteira. Apesar da condição de foragido, não deixou de circular no Brasil: assistiu a uma final da Copa Sul-Americana no Pacaembu, frequentou praias no Guarujá e até foi gravado falando sobre armas e lavagem de dinheiro.

Em Santa Cruz, sua rotina inclui festas e encontros com amigos. Em imagens recentes, aparece sorridente, acompanhado de filhos e da atual companheira. Um amigo comentou em rede social: “Xixi tá rindo à toa. Da hora ver ele assim”, ao que outro respondeu: “Ele merece. Fica aí, sem fazer nada”.

A cidade boliviana também acolheu outros líderes do PCC. Gegê do Mangue e Paca foram assassinados em 2018, Fuminho acabou preso em Moçambique e André do Rap segue desaparecido. Já Tuta foi capturado neste ano em Santa Cruz, após tentar renovar documentos falsos na companhia de seguranças e até de um policial local. A prisão revelou um esquema de corrupção que blindava criminosos na região, envolvendo inclusive o major Gabriel Solis, que trabalhava como segurança particular.

Para investigadores, a Bolívia se consolidou como refúgio da facção. “Eles utilizam a Bolívia como um hub, como um local em que não são incomodados pelas autoridades locais”, afirmou Gakiya. Empresários e comerciantes ligados ao grupo estariam por trás de restaurantes, boates e negócios aparentemente legais. 

Entre 2018 e 2019, segundo o Ministério Público, o núcleo ligado a Sérgio movimentou mais de R$ 1 bilhão. A Polícia Federal afirma monitorar os foragidos e cita a prisão de Tuta como resultado da cooperação com autoridades bolivianas. Mas há quem critique falhas. “Há decisões que vêm do Brasil que ficam congeladas. Não é produto do esquecimento, é produto da corrupção”, disse o jornalista Guider.

Em janeiro deste ano, uma simples foto publicada pelo enteado entregou sua localização: um lago artificial em um condomínio de luxo. Mesmo assim, Sérgio segue em liberdade, desfrutando de mansões, restaurantes e da rede de proteção que o mantém fora do alcance da polícia.