BEBÊS TROCADOS

Trocada na maternidade, jovem une 'uma família só' e tem mais de 20 irmãos

Giovana e Ângela descobriram a troca quando tinham seis anos. Hoje, elas se consideram irmãs e possuem uma família só, com muitos integrantes

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Publicado em 10 de abril de 2024 às 19:37

Na segunda foto estão, na ordem: Giovana, seu pai biológico e Ângela
Na segunda foto estão, na ordem: Giovana, seu pai biológico e Ângela Crédito: Reprodução/ TikTok

Uma jovem viralizou nas redes sociais ao contar em vídeo que foi trocada na maternidade. Moradora de Curitiba, ela possui mais de 20 irmãos entre as duas famílias.

Giovana Leite de Araújo, de 27 anos, descobriu que não era filha biológica de seus pais quando tinha apenas seis anos, depois que um representante do Conselho Tutelar foi em sua casa, em Cascavel, no interior do Paraná.

Outra família notou que teve um bebê trocado no hospital e procurava meninas que nasceram no mesmo dia e lugar. Confira a história a seguir.

Bebê com traços diferentes

Giovana e ngela nasceram em 3 de fevereiro de 1997 no Hospital São Lucas, na cidade de Cascavel, no Paraná. As enfermeiras as levaram para o primeiro banho e acabaram trocando os bebês. Giovana narra que sua mãe biológica sentiu algo diferente quando pegou a outra bebê no colo.

“Não sei se foi pela aparência, se ela já tinha gravado o meu rosto, ou se foi intuição. Ela chegou a dar uma volta no quarto para ver se notava algo diferente, mas não falou nada. Se falasse algo seria a palavra dela contra a palavra do hospital”, relata ao Uol.

A família biológica de Giovana é branca e sua irmã, que foi trocada, é negra e possui cabelos cacheados. No vídeo, ela afirma que sua mãe biológica sofreu sendo acusada de ter traído o marido devido à diferença física entre ngela e os parentes.

Ela começou a desconfiar de uma possível troca no dia do nascimento e fez um teste que mostrou a incompatibilidade entre os DNAs. Ela processou o hospital e começou uma investigação para procurar por crianças que nasceram no mesmo dia que ngela.

Verdade veio à tona após seis anos

Quando Giovana tinha seis anos, ela estava na casa da vizinha brincando quando chegou uma pessoa do Conselho Tutelar explicando para sua mãe a situação sobre troca de bebês no hospital. Elas fizeram um teste de DNA que confirmou a troca.

“Na época, foi feita uma reunião para as famílias se conhecerem, mas foi muito difícil de lidar. Para mim e para a ngela, acho que foi um pouco mais tranquilo, a gente achava legal ter duas famílias. Tivemos mais consciência do que aconteceu na adolescência”, conta em entrevista ao Uol.

As duas meninas permaneceram, então, com as mães de criação. As famílias se encontravam com frequência e comemoravam juntas o aniversário delas. Aos 12 anos, foi feita uma audiência para elas escolherem com quem queriam ficar e elas optaram pelas famílias de criação.

Soma de 23 irmãos

Algo que chamou atenção dos seguidores de Giovana foi o fato de ela ter mais de 20 irmãos. A jovem explicou que tudo ficou como era antes, “só criou laços e se tornou uma família só”.

Sua mãe de criação teve 11 filhos, seu pai teve 5 antes do casamento. Sua mãe biológica 6 e seu pai teve 2 filhos fora do casamento. No vídeo, Giovana recorda que era a caçula da família de criação e seus irmãos tinham muito medo de ter que devolver ela.

Ela contou ainda que seu pai de criação estava doente e faleceu seis meses após conhecer a filha biológica. “Ele teve mais de um AVC, mas graças a Deus ele conseguiu conhecer a filha biológica antes de falecer”, diz.

Hospital pagou indenização às famílias

Segundo uma matéria da Gazeta do Povo na época, o hospital foi processado e condenado a pagar uma indenização de R$ 100 mil para as famílias em 2006 pela troca na maternidade. Eles ainda precisaram oferecer tratamento psicológico às meninas.

Giovana relatou em seu vídeo ainda que sofreu bullying na escola. Os coleguinhas não entediam que ela havia sido trocada e falavam que ela “foi achada no lixo”.

Ela relatou ficar triste na época, mas entende que eram apenas crianças. “Hoje eu vejo que eram apenas crianças, elas falam coisas bobas nas quais nem sabem o que estão falando. Todos passamos por essa fase”, esclarece.

Mesmo agora morando em Curitiba, Giovana diz que sempre que vai em Cascavel visita suas duas mães e seus irmãos.