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Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2021 às 15:36
- Atualizado há 2 anos
O ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fabio Wajngarten negou ter falado em "incompetência" para se referir à gestão da pandemia pelo Ministério da Saúde. Falando à CPI da Covid, ele alegou que a palavra foi usada na capa da revista Veja, que o entrevistou, apenas como um chamariz. Agora, a publicação divulgou o trecho da entrevista em que ele fala, sim, da incompetência da gestão.>
Wajngarten negou também ter chamado o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello de "incompetente". A gravação mostra que ele usou a palavra ao falar das negociações do Ministério da Saúde para compra da Pfizer - na época, a pasta era comandada por Pazuello.>
A pergunta feita foi simples: "Foi negligência ou incompetência?", pergunta o jornalista de Veja. Wajngarten é direto. “Foi incompetência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando a negociação e tem do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é sete a um”, avaliou.>
Mais cedo, o senado Renan Calheiros (PMDB-AL) ameaçou pedir a prisão de Wajngarten se ficasse provado que ele estava mentindo na CPI. Os senadores concordaram em pedir à revista a íntegra da gravação da entrevista com o ex-secretário, para entender o que exatamente ele falou e porque diante da comissão adotou outra postura.>
"Queria requisitar áudio da Veja para verificarmos se ele mentiu ou não, se ele não mentiu, Veja vai ter que pedir desculpas, se ele mentiu, ele terá desprestigiado e mentido ao Congresso, o que é um péssimo exemplo. Se ele mentiu à revista Veja e a essa CPI vou, requerer a prisão do depoente", disse Renan.>
Bolsonaro 'incriminado' No tumultuado depoimento à CPI da Covid, o ex-secretário de Comunicação da Presidência afirmou que "mergulhou de cabeça" quando soube na "inação" em relação a carta envida pela Pfizer ao Brasil em setembro. Para o relator Renan Calheiros, o depoimento de Wajngarten acaba por "incriminar" Bolsonaro, uma vez que o ex-secretário, para Renan, aponta ter iniciado negociações em nome do Ministério da Saúde e em nome do presidente da República.>
Para Renan, isso confirma a existência de um "ministério paralelo", levantado pelos senadores a partir dos depoimentos dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.>
"O depoente disse desconhecer a existência. Mas é o contrário. Vossa senhoria é a prova da existência dessa consultoria", disse o relator.>
Ao voltar a falar da relação que teve com a farmacêutica, Wajngarten listou três reuniões: a primeira em novembro de 2020, quando o então Gerente Geral da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, o agradeceu por responder a carta; outra em dezembro, quando representantes da Farmacêutica exibiram a caixa de refrigeração então necessária para a manutenção da vacina; e uma terceira em que se debateu a "quantidade de vacinas no menor prazo possível".>
Segundo Wajngarten, a partir daquele momento, ficaram registrados na lousa da Secretária de Comunicação por quatro meses as três cláusulas da proposta de contrato com a Pfizer que foram chamadas de "leoninas" pelo governo. "Ficou na lousa da Secom por quatro meses as três cláusulas chamadas de leoninas que impediam maior velocidade de contratação", disse o ex-secretário.>
"Presidente sempre reafirmou que compraria qualquer vacina aprovada pela Anvisa", afirmou Wajngarten ao ser questionado sobre a postura de Bolsonaro, que fez diversas críticas públicas aos imunizantes.>
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