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Carol Neves
Publicado em 1 de maio de 2025 às 07:56
Indignado com os absurdos do trânsito, mas sem disposição para brigar ou riscar carros, um estudante de engenharia de produção decidiu canalizar a frustração de forma bem-humorada. Vitor Todorov, de 23 anos, criou o perfil @estacionadireito no Instagram e viralizou com vídeos em que deixa cartões nos para-brisas de veículos mal estacionados. A mensagem é direta: “Atenção: você parou igual idiota.” >
Desde fevereiro, mais de 15 mil unidades do cartão foram vendidas. O sucesso começou com uma brincadeira: Vitor queria aprender design gráfico e testar ferramentas digitais, além de expressar sua revolta com o trânsito entre São Paulo e o ABC. "Eu ando de moto e vivo entre São Paulo e o ABC. Vejo cada absurdo... Minha namorada vive dizendo que eu fico indignado no trânsito. Então quis achar uma forma engraçada de reagir sem brigar ou causar prejuízo", explicou Vitor para a colunista Paula Gama, do Uol.>
Inspirado por iniciativas semelhantes fora do Brasil, Vitor percebeu que por aqui as pessoas costumavam deixar bilhetes improvisados — nada prático nem divertido. A partir disso, criou kits com cartões impressos, vendidos em um site próprio. Um pacote com 10 unidades custa R$ 14,99, enquanto o de 200 sai por R$ 129,99. Os cartões têm formato semelhante ao de visita e são feitos para resistir ao uso, ideais para deixar no limpador de para-brisa. >
“A ideia não é ofender. É provocar aquele desconforto momentâneo que faz a pessoa pensar: ‘poxa, fui vacilão mesmo’. É melhor isso do que sair riscando o carro dos outros, né?”, diz Vitor. Segundo ele, o retorno nas redes é intenso. “A gente recebe muito vídeo de seguidor que deixou o cartão e filmou a situação. A maioria leva na esportiva. E mesmo quem se irrita, acaba refletindo.” >
Apesar do tom bem-humorado, a iniciativa pode trazer dores de cabeça. Especialistas lembram que chamar alguém de “idiota” pode ser interpretado como ofensa e gerar processos por injúria ou danos morais. >
Além disso, em cidades como São Paulo, a distribuição de materiais em veículos é proibida por lei. Se o cartão for deixado dentro do carro ou colado na lataria, há risco de ser considerado invasão de propriedade. >
Por isso, o criador recomenda cautela. O cartão pode provocar uma risada ou uma reflexão, mas seu uso deve respeitar a propriedade alheia. Afinal, como o próprio Vitor diz, “a ideia é melhorar o trânsito, não arrumar briga.” >