Vereadora pede que livro de Jorge Amado seja excluído de escolas

A vereadora Jéssica Lemonie, do PL de Santa Catarina, pediu que o livro Capitães da Areia, do escritor baiano Jorge Amado, seja excluído do currículo de alunos de 7º e 8º anos da rede pública do município de Itapoá (SC).

Ela diz que recebeu o pedido de um pai e que não é contra o livro - "até cai no vestibular" -, mas argumenta que é uma obra para adultos, com "classificação indicativa oficial de 14 anos". "Mas em sites, livrarias, os senhores podem procurar, a classificação é de 18 anos", discursou ela. 

"É um tipo de material para um adulto. Esse tipo de material é para quem quer buscar esse conhecimento, ter ele à disposição, não para os alunos de 12 ou 13 anos na sala de aula como matéria avaliativa, tendo que discutir sobre isso.” No Brasil, no entanto, os livros não são considerados produtos classificáveis.

A vereadora de 28 anos, casada, lê um trecho em que a adolescente Negrinha é abusada sexualmente. A personagem diz que é virgem, entra em luta corporal com o agressor, que responde 'Só boto atrás'. A vereadora interrompe a leitura e diz: "Agora eu vejo a vergonha no rosto dos senhores".

Jessica admite que a obra é literatura brasileira, que o escritor é famoso, "comunista" e que ela espera que o livro esteja na biblioteca da cidade, mas é contra o estudo da publicação em sala de aula para estudantes de 12, 13 anos.

Ela não foi encontrada para comentar a questão. O vídeo que circula na internet não informa a data do discurso.

No site da editora Companhia das Letras, o livro é apresentado como a história crua e comovente de meninos pobres que moram num trapiche abandonado em Salvador. "É talvez o romance mais influente de Jorge Amado. Clássico absoluto dos livros sobre a infância abandonada, assombrou e encantou várias gerações de leitores e permanece hoje tão atual quanto na época em que foi escrito."