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Armando Avena
Publicado em 10 de novembro de 2017 às 00:19
- Atualizado há um ano
Em 1991, o presidente dos Estados Unidos, George Bush, era o franco favorito nas eleições presidenciais de 1992, mas o país estava em recessão. Foi então que James Carville propôs um lema para a campanha do candidato democrata quase desconhecido que iria enfrenta-lo: “É a economia, estúpido!” E Bill Clinton, obscuro governador de Arkansas, um dos mais pobres estados americanos, ganhou a eleição. É a economia que vence as eleições, tanto nos EUA quanto no Brasil mas, naturalmente, há exceções.
Todas as eleições brasileiras após a ditadura foram fortemente influenciadas pela economia. Em 1989, o famigerado Collor de Mello foi eleito presidente prometendo acabar com a inflação de 2000% ao ano e foi a perspectiva de sair daquele quadro econômico escabroso que motivou a população a votar nele. Fernando Henrique Cardoso também foi eleito pela economia, catapultado pelo Plano Real que, efetivamente, estabilizou a economia brasileira. Mas o segundo mandato de FHC foi marcado pela crise econômica e a recessão, o desemprego e a crise cambial fizeram Lula chegar ao poder, embora nesse caso houvesse um componente ideológico.
Diferente dos presidentes que o antecederam, Lula passou seis anos num céu de brigadeiro na economia mundial e, quando veio a crise de 2008, com habilidade política, ainda que com muita irresponsabilidade econômica, fez o Estado intervir na economia, ofereceu todo tipo de incentivo e, sem fazer o necessário ajuste fiscal, manteve a economia em alta. Assim, fundado na sua imensa popularidade e na política fiscal expansionista, elegeu Dilma Rousseff presidente, embora deixando a herança maldita do rombo nas contas públicas.
Novamente, em 2014, a economia teve forte peso nas eleições, já que a presidente, que desejava a reeleição, prometia o crescimento econômico da era Lula enquanto seu adversário acenava com um duro ajuste fiscal. Dilma ganhou, mas sabia que não poderia entregar o que prometeu e deu ao povo exatamente o que prometeu não dar, ou seja, uma brutal recessão. Em resumo, a economia sempre pautou a política, mas algo diferente parece estar acontecendo no Brasil pós Lava Jato. É que a economia foi estabilizada, a inflação é a mais baixa dos últimos 20 anos, o poder de compra do brasileiro está se recompondo, o crescimento econômico voltou e as taxas de desemprego estão caindo e basta olha a história para ver que esse ciclo virtuoso aumenta a popularidade dos governantes e elege presidentes.
No entanto, Temer têm a pior avaliação da história, o que parece indicar que dessa vez a economia não será determinante nas eleições de 2018. Ainda é cedo para concordar com tal assertiva, por enquanto só é possível dizer que as melhorias econômicas por maiores que sejam não vão alavancar a popularidade do presidente Temer. Mas isso não quer dizer que teremos uma eleição descolada da economia. Nesse momento, sem a economia como parâmetro, a eleição tende a ser marcada pelo lado ideológico, com a polarização entre Lula e Bolsonaro, pelo ódio aos políticos de qualquer natureza, pela ojeriza à corrupção e pela busca do novo. Mas, ainda é cedo para saber se a economia estará descolada da política. Se, por exemplo, no primeiro semestre de 2018, se concretizar a previsão de crescimento econômico acelerado e queda acentuada das taxas de desemprego, o ministro da Fazenda poderá colar sua imagem na retomada do crescimento e se tornar um candidato competitivo.
Além disso, quando se colocar na mesa a discussão sobre o futuro econômico do país, as ideias jurássicas e nacionalistas de um Bolsonaro serão facilmente descartáveis e tampouco terá apelo o candidato que propor mundos e fundos num momento de crise fiscal, afinal a população está escaldada com o discurso eleitoral de Dilma Rousseff que foi desmentido pela realidade e se tornou um palavreado vazio. O fato é que os candidatos à presidente vão ser obrigados a discutir e defender suas propostas econômicas e, embora seja um momento imprevisível da história política do país, se alguém indagar o que será determinante nas eleições presidências de 2018, a resposta pode ser: ainda é a economia, estúpido!
Automóveis: o mercado se recupera A produção veículos automotores segue a toda carga na Bahia. Em setembro, cresceu 30,5% e no acumulado do ano quase 20%, sempre em relação ao ano passado. Quem está puxando a produção é o mercado externo, e as exportações baianas de automóveis populares cresceram 180% entre janeiro e outubro, comparado com o mesmo período do ano anterior. Já o mercado interno vai gradualmente se recuperando e, entre janeiro e agosto, as vendas de veículos na Bahia cresceram quase 1%.
China e Bahia Entre 2014 e 2015, os chineses investiram US$ 11,4 bilhões no Brasil e 7% desse investimento foi realizado na Bahia, o quinto estado com mais investimentos chineses no período. Mas em 2016 não houve investimentos na Bahia. A expectativa é que os investimentos do gigante asiático deslanchem em 2018 com o interesse dos chineses pela Ferrovia Oeste-Leste, Porto Sul e pelo minério de ferro de Caetité. O levantamento é do Conselho Empresarial Brasil-China e podem ser consultadas aqui.
Troyjo no Fórum Bahia Econômica A conferência de abertura do IV Fórum Bahia Econômica, que acontece no auditório da Casa do Comércio, no próximo dia 20 de novembro, será realizada por um nome que pode moldar o futuro do Brasil, mas peço um tempo ao leitor antes de anunciá-lo. Por enquanto anuncio um dos palestrantes: Marcus Troyjo. “O Brasil tem a chance de um dia de sol perfeito na economia”, disse Troyjo recentemente em sua coluna semanal no jornal Folha de São Paulo, referindo-se aos números da economia e a possibilidade do Brasil retomar o processo de desestatização.
Troyjo é economista, diplomata e cientista social, e dirige o Laboratório dos BRICS na Universidade Columbia em Nova York, onde é professor-adjunto de relações internacionais e políticas públicas. É um nome diferente no universo de palestrantes, alguns super conhecidos dos baianos, e será uma das estrelas do IV Fórum Bahia Econômica.
A arte, o nú e a censura Indagam-me por e-mail minha opinião sobre a polêmica gerada com as exposições que apresentam quadros de pessoas nuas ou praticando o ato sexual ou de performance sobre o tema. Não veja nada de mais e sou contra qualquer tipo de censura, especialmente quando se trata de obras-de-arte. Alio-me ao Museu D’Orsay de Paris que no mês passado reeditou a campanha: “Tragam seus filhos para ver gente nua”, estimulando as crianças e os pais a irem ao museu e exercitando a pedagogia do olhar. São os pais que devem decidir se as crianças tem maturidade e devem ou não ir a essas exposições, não o Estado.
Mas se censurar é um horror, criticar é um direito. Em algumas das obras que vi expostas nessas exposições o problema não era o gestual humano ou o ato sexual, o problema era a qualidade da arte apresentada, que ninguém se preocupou em avaliar e criticar. No Brasil de hoje, basta o autor dizer “isso é arte” para sacramentar o artístico, o que, convenhamos, é uma bobagem, já que existe muita arte ruim por aí e muitas ideias com zero de arte.
Fica então o dialogo entre Degas e Mallarmé, no qual o primeiro indaga: “Não sei porque não escrevo poemas, tenho tantas ideias? “ Ao que Mallarmé responde: “É que poemas não se fazem com ideias, mas com palavras”. Esse é o resumo de boa parte da arte feita no Brasil de hoje: muitas ideias e pouca técnica.