Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Dom Sergio da Rocha
Publicado em 28 de abril de 2025 às 05:00
É normal que a morte de um Papa desperte muita comoção e repercussão midiática, mas os funerais de Papa Francisco expressaram, de modo extraordinário, o grande afeto e a imensa gratidão de multidões de católicos e de inúmeros admiradores seus na Igreja e no mundo todo. Ele foi o Papa que muito amou e foi muito amado! >
Ao longo dos seus doze anos de pontificado, Francisco ensinou não somente pelos seus valiosos escritos e sábios pronunciamentos, mas por suas atitudes e gestos concretos que repercutiram na Igreja e na humanidade. As suas iniciativas corajosas na promoção da fraternidade, do diálogo e da paz no mundo fizeram dele uma das principais lideranças no cenário internacional. Na sua corajosa viagem ao Iraque, começando por Bagdá, o Papa “peregrino da paz”, “construtor de pontes e não de muros”, enfatizou o diálogo e a fraternidade como caminho de paz. Ele ressaltou, em diversas ocasiões, a importância do diálogo ecumênico e inter-religioso como caminho de paz, a contribuição das religiões para a construção da paz, jamais permitindo a manipulação do nome de Deus para justificar a violência. Ele recordava sempre a horror das guerras e conflitos, denunciando com tristeza a destruição generalizada e a morte de tantos inocentes e insistindo na urgência de iniciativas pela paz.>
O Papa Francisco amou os pobres e sofredores e foi muito amado por eles. O seu amor e solidariedade pelos pobres logo se expressou na sua primeira viagem fora do Vaticano, à ilha de Lampedusa, no sul da Itália, para abraçar, consolar e apoiar os imigrantes e refugiados, para rezar pelos que haviam morrido a bordo de embarcações precárias, chamando a atenção do mundo para a grave crise migratória. Na última Semana Santa, mesmo com a saúde muito debilitada, foi visitar os encarcerados, aos quais havia realizado o gesto do lava-pés em anos interiores. Ele quis estar próximo dos pobres até mesmo em sua despedida deste mundo, pedindo que fossem eles a levá-lo para a sepultura na Basílica romana de Santa Maria Maior. Ele foi o Papa da misericórdia e da solidariedade, defensor da vida e da dignidade incondicional de cada pessoa, especialmente dos pequenos e fragilizados.>
Francisco tem sido recordado pelos seus esforços pela preservação da natureza e pelo cuidado do meio ambiente. As questões socioambientais ocuparam lugar de especial importância no seu Magistério pontifício, com a publicação da encíclica “Laudato Si”, em 2015, que se tornou um marco referencial para a reflexão e a corresponsabilidade no “cuidado da casa comum”.>
Reformas de cunho pastoral e canônico foram empreendidas por ele para que a Igreja pudesse cumprir melhor a sua missão no mundo de hoje, como “mãe misericordiosa”, “casa de portas abertas”, “família acolhedora” e “Igreja em saída”. A ele, a afetuosa gratidão do povo baiano e de todo o povo brasileiro.>
Dom Sergio da Rocha, cardeal arcebispo de Salvador e primaz >
do Brasil>