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Publicado em 21 de outubro de 2025 às 05:00
Instituído pela ONU para destacar a importância da prevenção e da resiliência, o Dia Internacional de Redução de Desastres, celebrado anualmente em 13 de outubro, é um marco global para reforçar a necessidade de mitigação de riscos em tempos de mudanças climáticas. >
Em sintonia com essa iniciativa, a Defesa Civil de Salvador (Codesal) realiza anualmente uma programação de debates e palestras sobre temas estratégicos voltados à prevenção e à gestão de riscos. Neste ano, as discussões foram abertas com o lançamento interno do livro “Defesa Civil e os Novos Paradigmas”, que retrata as transformações da Codesal ao longo de seus 50 anos de história.>
A programação abordou temas como inovação na gestão de risco, previsão de deslizamentos com uso de inteligência artificial e modelagem geotécnica, monitoramento e previsão de deslizamentos em Salvador e urbanização em áreas de risco geo-hidrológico, entre outros.>
Alinhada ao tema proposto pela ONU — “Financiar a resiliência e não os desastres” —, a iniciativa reuniu especialistas e integrantes do Centro de Pesquisas em Defesa Civil (Cepdec), promovendo um ambiente de troca de experiências e construção de estratégias, diante dos desafios climáticos e ambientais.>
A Codesal tem recebido investimentos expressivos da Prefeitura de Salvador, traduzidos em avanços tecnológicos como o Centro de Monitoramento de Alerta e Alarme, a rede de pluviômetros, estações meteorológicas e hidrológicas, o mapeamento georreferenciado de áreas de risco e programas educativos nas comunidades, a exemplo dos Núcleos de Proteção e Defesa Civil (Nupdecs) e do Programa Defesa Civil nas Escolas (PDCE). Com a formação de multiplicadores, capacitamos jovens nas escolas, moradores de áreas vulneráveis, profissionais e voluntários, consolidando uma rede de apoio que torna a cidade cada vez mais resiliente. Também temos compartilhado a experiência acumulada pela Codesal com municípios que buscam fortalecer suas ações de defesa civil por meio do Programa de Planejamento e Estruturação de Defesa Civil (PPDEC).>
No fim de setembro, Salvador sediou o encontro da Comissão de Adaptação Urbana e Prevenção de Desastres (CASD) da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), presidida pelo prefeito Bruno Reis, que discutiu estratégias para mitigar os efeitos do calor extremo e seus impactos sobre a saúde nas cidades. >
Avançamos com políticas públicas e ações concretas voltadas à gestão de riscos, mas é preciso reconhecer que o país enfrenta grave desmonte dos institutos nacionais responsáveis pelo monitoramento climático e de desastres — especialmente o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Essas instituições sofrem com a falta de estrutura e de orçamento para manter suas operações básicas.>
Na Bahia, chegamos ao absurdo de realizar previsões meteorológicas há mais de um ano sem o radar do Cemaden em Salvador, apesar dos inúmeros ofícios enviados pela Defesa Civil solicitando manutenção. A resposta tem sido sempre a mesma: falta de recursos. O Inmet também tem falhado em momentos cruciais — como no feriado de 1º de maio, quando deixou de divulgar informações essenciais em um período de intensas chuvas que chegaram a 425mm em poucos dias.>
Não podemos permitir que vidas e cidades fiquem reféns da ausência de manutenção e do descaso institucional. É urgente que o Governo Federal retome os investimentos no Cemaden e no Inmet, assegurando orçamento adequado, cooperação com estados e municípios e transparência nas respostas às demandas. Afinal, Defesa Civil somos todos nós — e o combate ao risco é um trabalho contínuo e coletivo!>
Sosthenes Macêdo é Diretor-geral da Defesa Civil de Salvador e presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes da Defesa Civil das Capitais e Grandes Cidades.>