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Publicado em 30 de novembro de 2023 às 05:00
Começar outro negócio, expandir, ultrapassar fronteiras e alcançar novos mercados por gerações. Qual é o próximo passo de uma empresa familiar? >
É comum vermos empresas comandadas por grupos familiares atingindo um limiar da sua atuação, se vendo diante de alternativas diferentes para seguir crescendo, especialmente em contextos mais dinâmicos e controversos. Dúvidas quanto a seus membros seguirem nos cargos de gestão, compor um conselho e trazer uma grande liderança de fora são normalmente decisões difíceis e devem ser avaliadas com cautela e muita segurança. E nem sempre as famílias estão confortáveis em abrir mão do controle, especialmente se o contexto de mundo se mostra mais desafiador do que antes.>
Substituir a liderança não é uma decisão fácil, mas, em inúmeras vezes, é um caminho frutífero que pode dar muito certo se percorrido com sabedoria e bom assessoramento.>
Quando a organização atinge uma maturidade nos negócios e na cultura, normalmente após décadas sob o comando de uma mesma geração, chega o momento de reavaliar os processos de governança. O que vemos com frequência é que, quando isso ocorre, também os tempos sinalizam que um novo ciclo está prestes a começar: novos contextos se descortinam com novas regulamentações jurídicas, variações de políticas monetárias, questionamentos da sociedade quanto aos valores, a chegada de práticas e condutas inovadoras em áreas do negócio e novos desafios ambientais.>
A solução para conduzir a organização, em muitos casos, é exógena: está no mercado. E, muitas vezes, pode fazer parte de uma etapa no plano de sucessão. Isso não significa, necessariamente, que o grupo familiar precisa abrir mão do controle ou afastar herdeiros dessa liderança, mas, sim, manter o direcionamento dos negócios de uma outra maneira, em outras posições. No entanto, isso ainda não é uma realidade brasileira, cujo controle familiar responde por mais de 70% das empresas por aqui. É um fator global: apenas 12% dos grupos conseguem transferir a gestão para os netos (PwC, 2016) e este cenário pode ter seguido assim, ou um pouco mais pessimista, nos últimos anos, com pouca transição acontecendo em anos de pandemia.>
Ao se buscar essa solução externa, essas organizações abrem espaço para novas ideias e metodologias que já têm resultados comprovados. E essa experiência pode ser uma brisa fresca em momentos de calor e pressão. São talentos mais conectados com as transformações que estão acontecendo e que, muitas vezes, lideraram esses novos processos em experiências anteriores.>
Por outro lado, o desafio de quem chega será de manter o DNA da empresa familiar, seguir com os valores, acreditar na visão que esse grupo traz e saber unificar as áreas e times nesse caminho, durante a transição conduzindo um processo de evolução da cultura da empresa. São habilidades igualmente importantes e que irão garantir uma passagem mais amena e propícia a dar certo.>
E para esse momento da organização é fundamental ter um apoio desde o momento da seleção à adaptação. Se essa transição não for feita de forma empática e profunda, alguns ruídos simples e fáceis de serem resolvidos nos momentos iniciais do processo podem minar o que seria um excelente projeto para todas as partes.>
Na nossa experiência com projetos dessa natureza, entendemos que é de suma importância cuidar das duas pontas do processo: pelo lado da família empresária, dar todo apoio trazendo uma escuta profunda das dores e receios desta transição, acolhendo este momento de forma empática; e do lado dos profissionais do mercado, trabalhar com informações claras, trazendo luz sobre o momento da empresa, sobre as características da gestão que possam dificultar o processo e sobre os desafios da posição.>
Sobretudo, acreditamos que essa jornada de seleção traz uma inquietação hesitante, mas pode ser um caminho trilhado com segurança. Acima de tudo, se for conduzido com transparência, flexibilidade e diálogo, temos aí uma possibilidade de se atingir um novo patamar de estrutura, mercado e maturidade para a organização, para o grupo familiar e para a nova liderança.>
Adriana Orelhana, especialista em executive search e sócia da Plongê, única empresa certificada pelo Sistema B para seleção de pessoas>