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Trapiche Barnabé redivivo

Quem passa pela Av. Jiquitaia não faz ideia da dimensão do prédio

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 05:00

Depois de nos haver brindado com o documentário Porto de Origem – onde retrata a decadência do bairro do Comércio –, o diretor de cinema francês, radicado na Bahia, Bernard Attal, presenteia a cidade com a recuperação de um dos imóveis antigos de maior porte no bairro, o Trapiche Barnabé.

Quem passa pela Av. Jiquitaia não faz ideia da dimensão do prédio e da importância arquitetônica das suas primeiras etapas, construídas, em duas partes, ainda no decorrer do Século XVIII. A fachada da Jiquitaia vem do início do século XX, quando da expansão do porto.

Tive uma experiência pessoal com o Trapiche quando, em 1991, então secretário do Estado, fui incumbido de realizar a limpeza da cidade, ante uma situação de emergência sanitária. Precisei entrar com máquinas e equipamentos para remover o lixo acumulado naquela edificação, então abandonada.

O importante é que, hoje retrofitado, o Trapiche destina-se agora a atividades de economia criativa – um dos vetores de sustentação econômica da Cidade –, área de atuação de Bernard.

Ao lado, o Mercado do Ouro, abandonado, tem estruturas que ameaçam desabar a qualquer momento.

É interessante ressaltar que não foi uma empresa imobiliária ou um grande investidor, mas um artista e intelectual, quem chamou a si a tarefa de resgatar tão importante patrimônio histórico. Aliás, é impressionante a indiferença com que o empresariado local desconhece olimpicamente o Centro Histórico de Salvador como lugar adequado para investimentos, ainda que sejam aí proprietários de imóveis que deveriam estar cumprindo sua função social.

Cabe, agora, à Prefeitura adotar medidas que integrem, funcionalmente, o Trapiche Barnabé com o pulsante bairro do Santo Antônio Além do Carmo. Essas medidas envolvem, fundamentalmente, as regras de funcionamento do Plano Inclinado Pilar, cujos serviços, por tão limitados, sequer estão sendo cobrados. É chegada a hora de voltar a cobrá-los, com tarifa atualizada, para funcionar em dias e horários compatíveis com a vida do bairro.

Em Salvador, a função estratégica dos ascensores públicos – elevadores e planos inclinados – é corrigir o desnível existente entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa, horizontalizando o território. Esta função não vem sendo cumprida por deficiência na operação desses equipamentos. Um verdadeiro desaprendizado em relação ao que nossos antepassados nos ensinaram. É preciso que eles comecem a funcionar antes do horário de abertura das lojas e escritórios e encerrem depois do horário comercial. Como regra geral, o funcionamento de todos eles, das 7h às 19h, resolveria o problema, trazendo grande dinamismo ao Centro Histórico. Simples assim!

O Plano Inclinado Pilar, em especial, requer um horário diferenciado de funcionamento. É que o Santo Antônio Além do Carmo é, hoje, uma das áreas mais dinâmicas do Centro Histórico, com intensas atividades à noite e nos finais de semana, atraindo veículos que perturbam a tranquilidade de moradores, de pedestres e a atividade dos comerciantes.

A rua Direita do Santo Antônio precisa estar livre do estacionamento e da circulação de veículos. A solução está no pleno funcionamento do Plano Inclinado Pilar, tendo a rua do Pilar, no bairro do Comércio, como local de estacionamento, guarnecido pela presença da Transalvador e da Guarda Municipal. A chegada do Trapiche Barnabé, trazendo atividades para a rua do Pilar, constitui o elo que faltava para viabilizar plenamente esta integração.

Integrar as atividades culturais do Trapiche Barnabé com a dinâmica urbana do Santo Antônio Além do Carmo constitui elementar medida de política pública destinada a estimular a interação entre Cidade Alta e Cidade Baixa e potencializar a revitalização do Centro Histórico de Salvador.

Waldeck Ornélas é especialista em planejamento urbano-regional. Autor de Cidades e Municípios: gestão e planejamento.