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Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 06:02
Nesse final de ano, três temáticas entraram no radar das empresas: impacto das mudanças climáticas nas pessoas, perda aquisitiva em face das apostas e a redução da jornada de trabalho. >
São temas que impactam nos negócios, mas não devem ser enfrentados apenas pelo impacto no negócio, mas sim por serem pautas de relevância para seus empregados e a sociedade e, uma vez que o ESG consiste na gestão de riscos não-financeiros, as empresas já devem se preparar para possíveis impactos relacionados a estes assuntos.>
O primeiro tema, eventos climáticos extremos e mais constantes, adoecem, empobrecem ou liquidam vidas e empresas, sendo a população pobre e os pequenos negócios os mais afetados. A falta de mão-de-obra, a perda de insumos e matéria prima e/ou a ausência de clientes, pode levar um empreendimento à banca rota e a mitigação e adaptação às mudanças climáticas passou a ser crucial para a sobrevivência de muitas empresas.>
Medidas de mitigação e adaptação dependem de ações concertadas entre empresas, Estado, terceiro setor e população. Temos a real necessidade de ações urgentes que vão desde mudanças de hábitos até obras de infraestrutura. E as empresas não podem se furtar de sua função social em contribuir para gerir melhor seus resíduos, reduzir emissões e promover ações educativas com empregados e comunidades de seu entorno. Inserir os impactos de eventos climáticos na matriz de riscos é evidência de responsabilidade e resiliência.>
Quanto ao segundo tema, as ações de educação financeira são comuns nas empresas, mas quando o assunto é apostar parte da renda em jogos de azar não basta orientar sobre o melhor uso do salário, mas também conhecer mais a fundo os dramas financeiros dos empregados, assim como de sua saúde mental e ajudá-lo.>
Pesquisas apontam para o impacto das apostas sobre o comércio, inclusive na aquisição de alimentos, assim, ajudar os colaboradores e comunidades próximas à empresa acerca dos males da jogatina é, também, mitigar possíveis ameaças ao próprio negócio.>
O terceiro e mais recente tema é a importante proposta de redução da jornada de trabalho visando, em especial, à melhoria da saúde e qualidade de vida do empregado e a geração de empregos. Haverá impactos para as empresas, principalmente as pequenas. Estudos precisam ser feitos respondendo questões importantes, tais como: o Estado pode reduzir tributos para compensar o impacto nas empresas? Haverá perda salarial? Uma vez que o objetivo da mudança é melhorar a qualidade de vida do trabalhador, aqueles que quiserem ter dois empregos estariam burlando a essência da norma? Qual o real potencial para geração de emprego e renda?>
Lembrando que negacionismo, senso comum e comparações com outros países não valem para debates.>
Augusto Cruz é sócio da AC Consultoria>