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Flavio Oliveira
Publicado em 30 de setembro de 2023 às 16:00
O Pix praticamente transforma o celular em um caixa eletrônico, o que tem levado a um substancial e perigoso aumento de crimes – incluindo sequestros. - e ataques para roubar a senhas dos clientes de bancos. Mas há golpes que não visam apenas o dinheiro das vítimas e por isso passam despercebidos. O alvo são os dados pessoais e de navegação, que já foram descritos como o petróleo da nova economia. >
É certo que não é só com golpes no Pix que os bandidos podem roubar esse tipo de informação, mas os casos de vazamento de dados envolvendo bancos chama a atenção. Tanto que o Banco Central emitiu uma resolução nessa semana na qual obriga as instituições financeiras a avisarem os clientes sobre quaisquer casos de vazamento de dados ou falhas de segurança em operações relacionadas ao Pix, independentemente da causa do incidente e do nível de risco ao usuário final ou da relevância dos dados vazados. >
A resolução também aumenta a punição para esse tipo de ocorrência. O cálculo das multas será proporcional ao número de chaves afetadas. Assim, quanto maior o vazamento, maior a multa. Anteriormente, a legislação usada nesse tipo de caso era a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que determinava que a comunicação era obrigatória apenas em casos com potencial risco ou dano relevante. >
E por que é importante o consumidor ter seus dados protegido? Em primeiro lugar, claro que pe por segurança. Com o número de CPF, por exemplo, criminosos podem abrir e movimentar contas, efetuar compras, pagamentos e transferências monetárias e a vítima só ficar sabendo quando o oficial de justiça bater a sua porta. >
E não é só isso. Toda vez que navegamos na internet – incluindo redes sociais – deixamos rastros e pegadas. Todo esse histórico tem valor econômico e também político. A saber que sites visitamos e que produtos nos interessaram, vendedores e fabricantes entopem os sites, as caixas de e-mail, SMS com publicidade dirigida e insistente. >
Do ponto de vista político funciona da mesma maneira. Os sites, notícias e canais que lemos, com quem e como interagimos, as palavras que usamos, entre outros comportamentos online, são lidos por robôs e algoritmos com o objetivo de traçar uma espécie de perfil ideológico do internauta que também vai alimentar campanhas de publicidade – nesse caso política – microdirecionadas. Especialistas apontam que essa estratégia foi fundamental para a vitória do Brexit (saída do reino Unido da União Europeia, decidida em um plebiscito).>
Ao levantar esse perfil ideológico, os algoritmos das redes sociais direcionam a navegação com sugestões de canais, influenciadores e outros internautas com o mesmo tipo de pensamento, formando as famosas bolhas, que reforçam as ideias políticas preconcebidas, interditando o debate e circulação de ideias e alimentando a polarização política. >
Nossos dados, como se vê, não estão a perigo apenas quando usamos o Pix. O risco existe até nas farmácias, quando inscrevemos nosso CPF nos programas de fidelidade em troca de descontos. Pela LGPD, cabe às empresas garantir a segurança desses dados. A lei também prevê punições em caso de vazamentos. Algumas empresas já são investigadas e processadas pelo comércio ilegal de dados, mas estatística divulgada em fevereiro aponta que 57% dos processos sobre LGPD acabam sem condenação judicial. >
Toda pessoa pode, em primeiro lugar, se negar a ceder seus dados. Inclusive na internet, os sites são obrigados a perguntar sobre a permissão de uso dos cookies (que são os robôs que capturam os caminhos por onde o internauta passou). Pode também questionar qual o uso que a loja, farmácia ou site pretende dar ao dado requerido. E, ainda, pedir para apagar o cadastro. A LGPD brasileira está entre as mais avançadas do mundo no quesito proteção à privacidade. Vamos fazer a lei valer. >
Biden apoia greve para reverter votos dos ‘órfãos da globalização’ >
O movimento sindical está renascendo com força nos Estados Unidos. Os roteiristas fizeram uma greve que parou por semanas a poderosa indústria audiovisual americana. Agora, são as cinco mais importantes fábricas de carros do país que enfrentam paralisação dos operários. O movimento gerou inclusive uma cena inusitada em qualquer outro país: o presidente Joe Biden visitou uma manifestação, vestiu o boné do sindicato e discursou para os trabalhadores com um megafone. >
A presença de Biden no piquete foi mais importante para ele que para os trabalhadores, que já estão com o movimento estruturado. Biden concorre à reeleição e pesquisas mostram que a maioria dos eleitores reprovam seu governo, e que se o pleito fosse hoje ele perderia para Donald Trump.>
O movimento de Biden visa surfar no sindicalismo e chegar aos trabalhadores que são classificados como órfãos da globalização. Isso porque o processo de mundialização da economia levou indústrias e empregos dos EUA para países periféricos, onde a mão de obra – e consequentemente a produção – era mais barata. As vagas de emprego nos EUA diminuíam ao mesmo tempo em que a concorrência por elas aumentava, pois eram disputadas tanto pela classe trabalhadora americana quanto por imigrantes. >
Do ponto de vista social, esse grupo também teve de conviver com a ampliação do acesso de minorias (negros, latinos, etc.) a direitos básicos. O espaço social (clubes, shoppings, etc.) também passou a ser mais disputado. O discurso da extrema direita (xenofobia, moralismo, conservadorismo exarcerbado, entre outros elementos) atingiu em cheio esses eleitores. O slogan de Trump “Make America Great Again” (Faça a América grande de novo, em tradução livre) sintetiza esse pensamento. >
Agora, o Partido Democrata, de Biden, tenta atrair esse público com promessas de mais direitos e a manutenção de pontos da política de Trump de forçar a volta de indústrias para o solo americano, em um movimento que ameaça cadeias globais de produção e empregos em outros países. O presidente francês, Emmanuel Macron, tem sido uma voz crítica aos americanos nesse ponto. Segundo ele, o protecionismo dos EUA tem prejudicado a indústria europeia. >
Meme da semana>
A onda de calor que atinge o país é um risco a idosos e crianças. Mas no Brasil, tudo que é sério também é encarado com leveza, e as altas temperaturas foram rapidamente transformadas em motivo de piada. É bom, Se é para derreter, que seja com alegria. >
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