Dois projetos

As imagens extravagan- tes, fora da realidade, as "janelas" estabelecem vínculos da obra de Hildebrando de Castro com o construti vismo e suas vertentes

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  • Cesar Romero

Publicado em 20 de maio de 2024 às 17:13

Obra de Hildebrando de Castro
Obra de Hildebrando de Castro Crédito: divulgação

A Paulo Darzé Galeria (na Rua Chrysippo de Aguiar, Vitória) está apresentando duas exposições até 1º de junho. São relevos e pinturas de Hildebrando de Castro e Desfrutar do Tambor, de Guilherme Almeida. Hildebrando de Castro é pernambucano de origem e vive e trabalha em São Paulo. Sua primeira exposição individual aconteceu em 1980, no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde apresentou uma série de desenhos figurativos. Mudou-se para Nova Iorque, onde reside por mais de uma década e dedica-se ao aprimoramento da técnica óleo sobre tela, atingindo a mesma precisão com o pastel.

Nos anos 2000, pintou retratos de rostos, esdrúxulos, esquisitos, paisagens imprecisas e indeterminadas e brinquedos sempre um tanto extravagante. Na década seguinte, desenvolveu sua série Janelas, representações limpas e geométricas realizadas a partir de fotografias de fachadas de prédios repletos de janelas. Há um jogo de armar quando quadrantes se interagem criando um perfeito jogo de sombras, que correm em diversas direções. As imagens extravagantes, fora da realidade, as "janelas" estabelecem vínculos com o construtivismo e suas vertentes. Não basta hoje o fazer de Hildebrando de Castro: ele vai muito além, consegue seus propósitos.

Guilherme Almeida nasceu em Salvador (BA), é graduado em Artes Plásticas na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, e realiza um trabalho que conduz narrativas que evidenciam a posição do corpo negro no contexto contemporâneo. O hip-hop a cultura pop, a vida urbana do bairro do Uruguai adentra sua arte.

Cria novas situações que por vezes chegam a pinturas e trabalhos tridimensionais em suportes pouco usados, como jornais, Eucatex, coisas desprezadas, parte que sobrou de um conjunto e outros refugos. Seu propósito é transfigurar imagens nos quais o corpo humano está repleto de autonomia. Busca empoderar o que não tem poder de linguagem.

Muitas vezes a pintura, escultura e instalações dialogam em um só trabalho, fazendo parte de uma geração de artistas que trazem objetos de suas vivências para dar protagonismo a história, as memórias e a vida do corpo negro usualmente marginalizado na vida e na história da arte.

Outras vezes, Guilherme Almeida se debruça sobre experiências do seu corpo/espaço. Por um lado, sua pesquisa apresenta questões complexas e irônicas com relações de poder e espaço, trazendo personalidades que tiveram e tem sua importância na história nacional e internacional atribuindo devida relevância a intelectuais, ativistas e artistas. O artista usa em seus trabalhos coisas do cotidiano, coisas simples do universo afro-brasileiro.