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Cesar Romero
Publicado em 18 de dezembro de 2023 às 05:00
A Bahia tem perdido muito dos seus artistas nos últimos tempos: Tatti Moreno, Jamison Pedra, Lygia Sampaio, Jayme Fygura e agora Edison da Luz. Edison nasceu em Salvador em 1942. Morreu aos 81 anos. Estudou no Ginásio Baiano de Ensino. Foi aluno de desenho de Juarez Paraiso e por este foi recomendado cursar a Escola de Belas Artes da UFBA. Fez parte do grupo Escola Baiana de Gravura, liderado por Henrique Oswald, tendo como colegas de turma José Maria de Souza, Hélio Oliveira, Sonia Castro, Glei Melo, Leonardo Alencar, surgindo depois Emanoel Araujo e Edízio Coelho. >
Com esses artistas foi dado um impulso definitivo à prática da gravura na Bahia. Os ensinamentos calaram fundo em Edison da Luz, que já aí decidira ser gravador. Experimentou a pintura, mas não se fixou nela. Participou das coletivas: II Exposição da Jovem Gravura Nacional, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1966 - 1967); Iº Bienal Nacional de Artes Plásticas, Salvador (1966), onde obteve o Prêmio de Aquisição em Gravura; IX Bienal de São Paulo (1967) e Pré Bienal do Nordeste, Recife (1970). >
Foi incluído num álbum de gravadores baianos, lançado pela galeria Bazarte de Salvador (1966) e José Roberto Teixeira Leite a ele fez referências em seu livro/documento A Gravura Brasileira Contemporânea (1965). >
Os anos 1960 e 1970 foram de grande sucesso para Edison da Luz, suas produções alcançaram grande prestígio entre o público e a crítica de arte. Era o artista do momento. Tudo levava a um sucesso nacional e internacional, especialmente depois do prêmio na Bienal de São Paulo. Mas Edison da Luz tinha contra si, seu temperamento belicoso. Tornou-se de difícil convivência, e isso foi definitivo em sua carreira. Seus confrontos, por vezes, chegavam ao plano pessoal. >
Suas figuras humanoides foram feitas de cipó caboclo, pois não haviam fundos para os fazer de ferro. Estas figuras lembravam o povo nordestino com pessoas esqueléticas, famélicas e sem futuro. Em 1973, acrescentou às figuras ossos, chifres, couro cru, pedras, cordas, tudo sem nenhuma sofisticação, ele queria uma tradução do Nordeste. A imprensa internacional chegou a classificá-lo como um dos melhores artistas de seu tempo.>
Tinha ligações muito próximas com Matilde Matos, crítica de arte e mentora intelectual do grupo Etsedron, que muito se empenhou na trajetória do artista. É curioso que o Etsedron nunca foi exposto na Bahia. Edison não tolerava e não aceitava ser invalidado. Finalmente, em 1979, o grupo se desfez com um ritual de queima de peças na praia de Jauá.>