Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Pombo Correio
Publicado em 23 de maio de 2025 às 05:00
Ataque à democracia >
As cenas de barbárie protagonizadas nesta quinta-feira (22) por um grupo de sindicalistas na Câmara Municipal de Salvador escancaram a truculência que tem marcado a atual campanha salarial das entidades que representam os servidores. Além da invasão ao plenário da Casa, o dirigente Bruno Carianha, que integra o Sindicato dos Servidores da Prefeitura do Salvador (Sindseps), agrediu vereadores, enfrentou a polícia com agressividade e proferiu diversos xingamentos usando um microfone em local público. Carianha foi candidato a vereador pelo PSB nas eleições do ano passado ao lado do vice-governador Geraldo Júnior (MDB). Vale ressaltar que tanto a invasão à sede de um Poder quanto a agressão a um agente público no exercício de sua função são crimes. O que se viu, no fundo, foi um ataque à democracia vindo de um grupo que se diz, paradoxalmente, defensor do Estado Democrático de Direito.>
Síndico>
Só a título de curiosidade, o líder sindical Bruno Carianha perdeu a disputa para vereador, mas foi eleito recentemente síndico do condomínio onde mora. O mais interessante é que, em sua campanha entre os vizinhos, dizia que uma de suas propostas era "maior interlocução com órgãos públicos". Seria cômico se não fosse trágico.>
Alvo>
Deputados estaduais já articulam alguma medida contra o parlamentar Hilton Coelho (PSOL), que também estava entre as lideranças do movimento de invasão da Câmara de Salvador. Deputados que assistiram às cenas lamentáveis dizem que Hilton pode ser responsabilizado e até sofrer um processo por quebra de decoro parlamentar.>
Massa de manobra>
O que mais causa estranheza é que a APLB, que integrava a manifestação desta quinta, aceitou o reajuste de 6,27% do governo do estado, mas insiste em manter a greve mesmo diante de uma proposta superior da prefeitura. Na capital baiana, o aumento varia entre 6,27% e 9,25%, a depender dos níveis. O curioso é que, no caso do estado, a APLB não só aceitou a proposta como foi para uma pomposa celebração ao lado do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Está claro e evidente que a APLB está usando os professores para atender a interesses políticos e partidários da entidade. Só não vê quem não quer.>
Fogo amigo?>
O governador Jerônimo Rodrigues não gostou nada da especulação repercutida pela imprensa nacional de que o hoje ministro Rui Costa (PT) poderia disputar o governo do estado no próximo ano. O cenário se daria em caso de inviabilidade da candidatura de reeleição de Jerônimo devido à sua crescente desaprovação. No núcleo duro governista, há duas teses sobre a notícia. A primeira é que o próprio Rui vem alimentando a especulação, seja para manter viva a possibilidade de voltar a disputar o governo, seja para pressionar e garantir sua vaga para o Senado na chapa. A segunda aponta que integrantes da cúpula petista, não muito próximos a Jerônimo, nutrem o burburinho diante do ambiente de um governador cambaleante e de uma gestão cada vez mais fragilizada. Entre os ‘jeronistas' mais xiitas, causou incômodo a ausência de uma declaração mais firme de Rui cravando apoio a Jerônimo. Pode ter sido só um detalhe. Mas que incomodou, incomodou.>
Tocou no ego>
Quem também não ficou nada satisfeito com a especulação foi o senador Jaques Wagner (PT), que é assíduo defensor da candidatura à reeleição de Jerônimo. Contudo, outro fator que, somado a este, deixou Wagner chateado foi uma pesquisa interna sobre as eleições do ano que vem. No levantamento, Rui Costa teria boa vantagem sobre Wagner na disputa pelo Senado. Parlamentares contaram que os números mexeram com os brios do cacique petista.>
Parceria furada>
A tal parceria entre os governos do estado e federal, tão pregada pelo PT durante a campanha de 2022, tem na Bahia dois claros sinais de fracasso. O primeiro está relacionado às BRs 324 e 116, cuja concessão com a ViaBahia foi encerrada, mas as rodovias estão em situação deplorável. No último final de semana, quem transitou pela Br-324 viu dezenas de carros no acostamento por causa de defeitos causados pelas enormes crateras na pista. O segundo é a situação da ponte sobre o rio Jequitinhonha, que será reconstruída, segundo o governo federal. Enquanto isso, as pessoas não têm alternativa e a opção é transitar pela estrada de barro. O resultado é um colapso completo, com linhas de ônibus intermunicipais suspensas e pessoas que perdem seus empregos por trabalharem em locais que dependiam do deslocamento pela ponte.>
Engenheiro de obras prontas>
Chamou a atenção de quem acompanha o Diário Oficial do Estado a publicação de um aviso de licitação para contratar uma empresa que irá fiscalizar as obras implantadas no metrô Salvador-Lauro de Freitas. Técnicos que leram o documento brincaram que a redação do aviso sugeria a contratação de uma espécie de engenheiro de obra pronta. A piada pronta não tem amparo na administração pública, mas um deles observou que a essa altura do campeonato não duvida de mais nada vindo de um governo do PT.>
Clima de descrença>
E por falar na parceria, prefeitos baianos voltam de Brasília nesta semana abismados com a situação dos governos federal e estadual. Centenas deles foram à capital federal para participar da Marcha dos Prefeitos e retornaram à Bahia afirmando que encontraram um cenário de "extrema preocupação”, conforme disse à coluna um gestor da base petista. Outros prefeitos consultados relataram que as críticas ao presidente Lula (PT) são unânimes, principalmente pela “falta de novidade”, pela falta de apoio explícito à PEC 66 e pela redução de repasses obrigatórios. Complementaram dizendo que a situação Bahia não é tão diferente. Reclamam dos convênios não quitados ainda da gestão de Rui Costa e dizem que Jerônimo tem feito “muita espuma”, sem atender às necessidades mais urgentes.>
Rebatismo>
Outra pérola do Diário Oficial esta semana veio da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, que decidiu inovar na linguagem e agora se refere a cisternas como Tecnologias Sociais de Acesso à Água. A nova nomenclatura tenta sofisticar o que continua sendo o mesmo desafio de sempre - garantir água para quem vive no interior baiano. Após 20 anos de governos petistas sem resolver o básico, a alternativa encontrada foi rebatizar o problema. Já que a realidade não mudou, mudaram o nome.>
Federação gestada>
A federação entre o Republicanos e MDB avançou muito nos últimos dias e, segundo fontes da coluna, três estados estariam emperrando a união entre as legendas. Contudo, parlamentares garantem que a federação vai avançar e, na Bahia, o comando ficará com o Republicanos. Em Brasília nesta semana, lideranças do MDB baiano demonstraram preocupação com o desenrolar dos fatos e até tentam argumentar que os emedebistas deveriam ficar com o comando da federação. Contudo, já foram advertidos que o preceito básico da federação é que, nos estados, manda quem tiver maior bancada.>