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Pombo Correio
Publicado em 18 de julho de 2025 às 05:30
Tem causado estranheza o silêncio conivente de entidades e políticos que se dizem defensores do meio ambiente com a situação da Serra da Chapadinha, entre os municípios de Itaetê, Ibicoara e Mucugê. A região, que tem grande importância ambiental e hídrica para a Chapada Diamantina, vem sendo ameaçada pela alvo de extração vegetal e pela mineração, de acordo com grupos locais, que, inclusive, já levaram o caso ao governo do estado. Comunidades da região reivindicam que a Serra da Chapadinha seja transformada em uma Unidade de Conservação com o objetivo de garantir a preservação do espaço. Estes grupos dizem que o caso já foi levado até mesmo para o governador Jerônimo Rodrigues (PT), mas nada foi feito. Pelo contrário, eles denunciam que os projetos seguem avançando sem nenhum controle, ameaçando a fauna e flora da região, e dizem que a serra é uma das mais importantes zonas de recarga da Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu, responsável pelo abastecimento de mais de 80 municípios baianos. Enquanto isso, os ambientalistas de araque seguem num silêncio ensurdecedor.>
Carta fora do baralho>
O governador Jerônimo Rodrigues determinou uma mudança radical em toda a cúpula da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado (Seap) em função da crise permanente que se instalou no sistema prisional da Bahia. Segundo apurou a coluna, o próprio Jerônimo já pediu ao MDB para indicar as mudanças, que devem contemplar também a substituição do atual secretário José Castro. A ideia, conforme fontes com trânsito no Palácio de Ondina, é dar um "choque de gestão" como foi feito na Secretaria da Segurança Pública (SSP) com a troca de comando dos chefes de todas as forças policiais.>
Crise sem fim>
Segundo fontes da coluna, Jerônimo teria dito que não aguenta mais as reportagens negativas relacionadas à Seap e teria se mostrado incomodado com as críticas da oposição. Além disso, conforme relataram os interlocutores, o governador deixou claro para os caciques do MDB que "não quer perder as eleições para a oposição", ao justificar a necessidade da saída do secretário José Castro e da cúpula da pasta.>
Bolsonarizou>
As denúncias de que até mortos teriam votado na eleição direta para a presidência do PT na Bahia jogaram uma sombra sobre o discurso democrático tão celebrado pela cúpula petista. Mas o verdadeiro vexame foi outro: a votação em cédulas de papel, em pleno 2025, deixando a eleição com cara de pleito da década de 80. A escolha pegou mal sobretudo para a ala mais jovem do partido, que vive acusando a direita de atacar as urnas eletrônicas, mas agora defendeu a votação em papel com fervor. Nos bastidores, a turma ironizou que o PT da Bahia “bolsonarizou” ao adotar o método preferido pelos radicais bolsonaristas.>
Vermelho de vergonha>
Essas denúncias de irregularidades nas eleições do PT, inclusive, causaram enorme constrangimento nos principais caciques do partido na Bahia, até porque muitos casos já estão indo parar na Justiça, o que aumenta ainda mais o embaraço para as principais lideranças petistas. Além de se preocuparem com a própria repercussão das irregularidades, temem que os casos fragilizem o discurso petista contra adversários. Já entrou em ação uma tentativa de "operação abafa", mas integrantes da legenda estão dispostos a levar o caso a sério.>
Antecipou>
Enquanto o PSD se fecha em copas, observando em silêncio a ambição do PT pela chapa puro-sangue em 2026, o prefeito de Eunápolis, Robério Oliveira (PSD), resolveu se antecipar aos caciques Otto Alencar e Angelo Coronel. Ignorando a cautela da direção do partido, ele já tem dito a pessoas próximas que dará apoio às candidaturas de Jaques Wagner e Rui Costa para as vagas ao Senado na próxima eleição, rifando o correligionário Coronel. A precipitação de Robério escancarou não só sua disposição para agradar a cúpula petista, mas também como o PT tem assediado prefeitos considerados estratégicos, mesmo que para isso precise atropelar a hierarquia dos aliados e criar constrangimentos internos no PSD. Em tempo, o governador Jerônimo passou o São Pedro colado com Robério.>
Prioridade é outra>
Em Eunápolis, a propósito, Jerônimo enfrenta um dos maiores desafios na segurança pública, mas o tema não parece ser sua prioridade no momento. Depois da fuga de 16 detentos do presídio local e das denúncias contra a diretora suspeita de facilitar a vida de faccionados, circular pela cidade virou um verdadeiro teste de sobrevivência. A situação é tão crítica que até a BR-367, que liga Eunápolis a Porto Seguro, ganhou o apelido de “Faixa de Gaza”, tamanha a ousadia das facções que param carros sob a mira de armas, roubam motos e espalham terror. Foi lá que um turista de São Paulo morreu baleado dias atrás.>
Fatura>
O veto do presidente Lula (PT) ao projeto aprovado no Congresso, que atualizava o número de deputados federais, pode sair caro para a Bahia. Isso porque a decisão contrária do Planalto tende a reduzir o número de parlamentares baianos em Brasília, encolhendo a voz do Estado no coração da política nacional. Ironia para um presidente que, em 2022, se apresentou como defensor da democracia, mas agora ameaça a própria representatividade democrática do Estado. Nos bastidores, já há quem diga que a Bahia está pagando o preço de ter acreditado demais no discurso do demiurgo.>
Sincericídio>
Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) ficaram boquiabertos diante das manobras e peripécias administrativas praticadas pela equipe do governador Jerônimo Rodrigues sem o menor pudor. Auditores da Corte destacaram que secretarias e autarquias realizaram contratações sem sequer empenhar os recursos, violando regras básicas da administração - e, pior, em despesas previsíveis. Para tentar aliviar a barra do governador, a PGE sugeriu que as responsabilidades fossem imputadas separadamente às secretarias, numa clara tentativa de blindá-lo. Mas quando os conselheiros listaram as unidades com irregularidades, a conta passou de uma dezena, evidenciando que a prática já é modus operandi do “jeito Jerônimo” de governar. Apontar isoladamente seria, no fim, maquiar a realidade de um governo que joga fora das quatro linhas com naturalidade.>
Desmascarado>
O que mais chamou atenção no julgamento, porém, foi a sinceridade desconcertante dos gestores ao admitir as irregularidades. A auditoria identificou R$ 1,7 bilhão em despesas executadas de forma indevida, número que surgiu justamente das confissões feitas pelas próprias secretarias, que reconheceram ter celebrado contratos e prestado serviços sem qualquer empenho, empurrando o rombo para o ano seguinte como Despesas de Exercício Anteriores (DEA). A franqueza arrancou risos dos conselheiros e até ironia: “Quero aplaudir a franqueza desses gestores”, disse um deles, sob gargalhadas da plateia. Para completar, o tribunal apontou que o governo da Bahia faz uma subavaliação dos 'Restos a Pagar', porque, embora diga ter disponibilidade financeira para arcar com os ‘DEAs’, não as inscreve na conta de Restos a Pagar já que isso exigiria ter, de fato, um colchão financeiro para cobrir as dívidas. Sem isso, a gestão correria o risco de incorrer em improbidade administrativa.>
Agro irritado>
O setor agropecuário baiano anda muito insatisfeito com o governador Jerônimo Rodrigues. O motivo é a falta de respostas do governo para situações que prejudicam o desenvolvimento do setor, dos pequenos aos grandes produtores. Tanto em relação à seca, quanto mais recentemente aos ataques de cães a caprinos, resultando num prejuízo milionário, lideranças do Agro reclamam que nada tem sido feito de forma efetiva. "É muita reunião e pouca ação", disse um dirigente, sob anonimato. Se somam a isso as sucessivas promessas, que não saem do papel, de melhorias da infraestrutura, em especial no Oeste, uma das principais regiões agrícolas do país.>
Conta estranha>
O Núcleo Territorial de Educação de Irecê está no centro de uma situação no mínimo inusitada: aumentou consideravelmente as despesas, mas viu despencar o desempenho dos alunos. Só em 2024, o órgão gastou cerca de R$ 6 milhões, mas a avaliação em matemática caiu para 222 pontos, segundo o Sistema de Avaliação Baiano de Educação (SAB). Em 2019, com menos recursos, os estudantes haviam alcançado 245 pontos na mesma avaliação. Ou seja, mais dinheiro e menos resultado, uma conta que definitivamente não fecha e expõe a fragilidade da gestão educacional no território.>