Exposição Reinaldo Eckenberger é homenagem mais que merecida

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Cesar Romero
  • Cesar Romero

Publicado em 21 de maio de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Muito bem vinda e oportuna a Exposição Reinaldo Eckenberger, que faz uma homenagem ao artista, falecido em agosto do ano passado. A expo está no Palacete das Artes (Rua da Graça, 284) e fica em cartaz até 10 de junho. Reúne mais de 300 peças, que representam as diversas fases e linguagens da trajetória do artista, desde as mais tradicionais, como pintura, desenho e gravura e ainda experimentações como colagens de plásticos, santos de gesso, bonecos de pano e bibelôs sua última produção. Parte deste acervo segue para a Coleção Treger / Saint Silvestre, no Museu Oliva Creative Factory, SJM, Porto, Portugal. Ainda bem que nosso Eckemberger, terá um pouco da sua obra preservada num museu importante da Europa. É muito triste ver artistas que trabalharam e produziram grandes momentos da arte baiana, ficarem sem acolhimento em instituições e museus de nosso país. Exemplos lapidares vêm do nosso modernismo como Genaro de Carvalho e Carlos Bastos. Gerações seguintes com Jenner Augusto, Calasans Neto, Sante Scaldaferri, Mario Cravo Neto, Riolan Coutinho, Jorge Costa Pinto, Gilson Rodrigues, Anísio Dantas, Emma Valle, Edson Calmom, Jadir Freire, José Maria de Souza, Mestre Didi, Mirabeau Sampaio, Raimundo Oliveira, Rubem Valentim, Agnaldo Santos, Ângelo Roberto, Babalu, Henrique Oswald, João Alves, Luiz Jasmin, Pasquele de Chirico e muitos outros. Alguns destes nomes estão registrados em livros, textos críticos, mas não tem o espaço físico que merecem para que o público conheça de perto seus legados. Hoje, tempo de vida, trabalho produzido, parece não interessar e obras destes artistas ficam no máximo em paredes de colecionadores e em mãos dos marchands. Eckenberger merece o acolhimento deste Museu Português, que lhe garantirá memória. A curadoria da exposição está a cargo de Luciana Accioly. Eckenberger teve sua pintura de inicio lisa, começou a agrupar relevos e colagens – sucatas, objetos lúdicos e utilitários, sobras, brinquedos, utensílios de cozinha, cabeças de bonecos, instrumentos musicais ligados uns aos outros por uma trama de delicados bordados e se elevando do suporte bidimensional. Daí, suas figuras saíram da tela para o tridimensional, num processo coerente. A partir da década de 70, Eckenberger trabalhou com maior apego as bonecas de pano. Utilizava delas de forma caricata para discutir a pompa, a visão materialista do mundo, os estereótipos e a cultura da opulência. Havia nestas produções, a busca do riso, do cômico, do inusitado, também do dramático e do trágico. Eckenberger como poucos artistas soube unir estas distâncias. Merecida homenagem.