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Gabriela Cruz
Publicado em 30 de março de 2017 às 07:08
- Atualizado há 2 anos
Cem dias desde o diagnóstico de um tumor cerebral à morte. Os três últimos meses de vida da arquiteta Marpe Facó (1947-2010) dão o norte do monólogo Mamãe, escrito e protagonizado por um dos seus filhos, Álamo Facó. Mas a peça não é uma biografia, e sim uma autoficção. >
“É inspirada em fatos reais, mas sem abrir mão da roteirização, da criatividade”, explica. O espetáculo entra em cartaz hoje e segue até domingo, na Caixa Cultural. Mas esse não é o único projeto na vida do carioca, que já trabalha em uma nova montagem e estará na próxima novela das 19h da Globo, Pega Ladrão.Álamo Facó(Foto: André Maceira/Divulgação)>
Mamãe fala da sua própria mãe. É uma biografia? Como chamamos no meio teatral, é uma autoficção. Ela é inspirada em fatos reais, mas sem abrir mão da roteirização, da criatividade. São experiências que aconteceram comigo, mas crio dois personagens. O filho da peça não necessariamente sou eu. E a mãe, Marta, tem até um nome diferente da minha, que se chamava Marpe. Ela tinha uma visão relevante do mundo, não era qualquer pessoa, e por isso quis fazer esse espetáculo.>
Quando você percebeu que poderia transformar a dor em arte? Foram 100 dias desde o diagnóstico ao óbito. E não era exatamente uma dor, mas uma angústia, uma aflição. Era como ver alguém se afogando e não conseguir fazer nada para ajudar. Nesse tempo, percebi como a gente lida com a morte, como a Medicina trata isso. Escrevi um tratado sobre isso e, depois, criei a peça. Essa é a minha área.>
Depois de Mamãe, você tem novos planos para o teatro? Eu estou trabalhando em outra autoficção, que se chamará Trajetória Sexual. São curiosidades, angústias... Para essa meça, pedi depoimentos de outras pessoas. Ela vai contando coisas íntimas, detalhes secretos que você só conta para um melhor amigo, ou até mesmo para o terapeuta. Devo estrear em novembro deste ano, e estou querendo que seja no Rio de Janeiro.>
Além de apresentar a peça, você dará uma oficina aqui. Como será? Vou falar do autor-ator, da criação de um texto de autoficção. Também mostrarei Trajetória Sexual. Quero fazer uma troca com o grupo, exercícios, pôr em prática o que falei. E, depois, eles apresentarão cenas.>
Você estará na próxima novela das 19h da Globo, Pega Ladrão. Como será seu personagem? Ele se chama Matias. É um psicólogo alternativo, hipster, de Bebeth (Valentina Herszage), filha de Eric (Mateus Solano). Ele não quer saber de atender os pacientes no consultório, mas sim na praia, na praça. Vou iniciar as gravações no dia 4 de maio. Já tive um workshop no Projac e estou começando a acompanhar filmes com essa temática.>
Você já fez tanto personagens dramáticos como de comédia. Tem algum gênero favorito para trabalhar? Eu gosto de tudo. Se for legal, feito com amor e profissionalmente, pode ser. Topo o que tiver entrega, dedicação.>
Como é sua relação com Salvador? Amo a cidade! Fiz uma peça aí, Pterodátilos, no Teatro Castro Alves (em 2012), e fui muito bem recebido. Vamos ficar no Rio Vermelho, estou animado. Tenho amigos por aí como Fabrício Boliveira e Emanuelle Araújo, quero até pedir umas dicas do que fazer para Fabrício. Minha ideia é dar voltinhas tanto ‘turistonas’ quanto mais alternativas.>