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Conheça a baiana do Curuzu que se tornou Condessa na França

Ela foi a primeira modelo negra a fazer sucesso na Europa e a desfilar com os maiores estilistas do mundo

  • Foto do(a) author(a) Osmar Marrom Martins
  • Osmar Marrom Martins

Publicado em 17 de junho de 2025 às 11:42

Luana de Noailles
Luana de Noailles Crédito: Andresa Nunes

Nascida Raimunda Nonata, há 75 anos, no bairro do Curuzu, onde fica a Senzala do Barro Preto, do Ilê Aiyê, ela vive há muitos anos em Paris e é conhecida como a Condessa Luana de Noilles. Ex- modelo brasileira nas décadas e 1960 e 1970, foi a primeira modelo negra do Brasil e fez muito sucesso internacionalmente para marcas como, Paco Rabane, Chanel e Dior. Luana de Noailles começou com modelo desfilando para eventos e feiras de moda em Salvador, apadrinhada pelo estilista Di Carlo, época em que ainda era apelidada  de Rai.

Aos dezesseis anos, ela foi descoberta por uma equipe de olheiros da Rhodia que queria uma modelo "negra como Pelé". O estilista Paco Rabanne a viu na Fenit e a convidou para ser sua modelo. Em 1967, aos 17 anos, ela chega à Europa, onde se instala inicialmente na Itália, já contratada pela agência de Catherine Harley. Também desfilou para Yves Saint Laurent, Paco Rabanne e Christian Dior. Só para lembrar, ela estourou no mundo da moda muitos anos antes de Naomi Campbel.

Em conversa com o CORREIO, direto de Paris, onde mora, Luana de Noiles fez um balanço de sua vida, da sua eterna ligação com o bairro do Curuzu, em Salvador, de uma Bahia que não existe mais e dos amigos que aqui deixou. Falou ainda do bulling que sofreu na juventude, do preconceito que enfrentou no Brasil e na Europa, mas se considera uma pessoa vitoriosa.

CORREIO - O que mudou da menina que saiu do bairro da Liberdade para conquistar o mundo?

LUANA DE NOIALLES - Nada mudou, só a idade a experiência de vida. Eu sou eu, me assumo e sou feliz. A neguinha da Liberdade continua a mesma, com mais experiência, claro. Antiguidade é posto.

CORREIO - Como foi sua infância e adolescência na Bahia? Seus familiares ainda residem em Salvador? E você. ainda mantém amizades de antes?

LUANA DE NOIALLES - Família não tenho mais. Minha mãe se foi, meu pai também e meu padrasto. Eu era sou filha única. tenho muitos amigos, tenho uma família de coração. Tenho irmã, irmãos, uma família de coração. Olha, eu tive uma infância maravilhosa, graças a Deus. Uma família deslumbrante, dona Antonieta extraordinária, pai que foi embora cedo, mas o padrasto sensacional. F Família não tenho mais.

Luana de Noailles por Divulgação

CORREIO - E você ainda mantém amizades do tempo em que morava em Salvador?

LUANA DE NOIALLES - Tem o pessoal vivo do Iceia (Instituto Central de Educação Isaías Alves). Todos os meus amigos e amigas diziam que sempre achava que eu tinha futuro. Mentira! Sofri bullying o tempo inteiro. Eu não tinha nome. Sabe como era meu apelido? Violão sem corda. Olívia palito, formigão. Não ria, não. Essa era a realidade. Hoje, dizer que eu tinha amigos dessa época é tudo mentira.

CORREIO- Por ser uma mulher preta, você sofreu algum tipo de preconceito quando chegou à França? Há quanto tempo você está fora da Bahia? Costuma visitar Salvador com frequência?

LUANA DE NOIALLES -  Olha, o preconceito daqui da França era uma coisa normal, pelo simples fato de que o negro não estava na moda na época, mas eu sempre trabalhei, convivi e fui muito bem relacionada. Entre Salvador e a Rod, em São Paulo, não deixaram nada pra mim A minha última visita a Salvador foi entre 2008 e 2009, onde passei um verão maravilhoso com o meu amigo Gilson Rodrigues que se foi e está no andar de cima. Família não tenho mais, tenho amigos maravilhosos na minha terra, sou feliz, adoro ser baiana, não vou mentir! Sou do Curuzu, adoro o Olodum, adoro subir aquela ladeira do Pelô que é um todo de tudo. 

CORREIO - Hoje você tem dupla nacionalidade. Que saudades você tem da Bahia: dos amigos, da comida, das festas?

LUANA DE NOIALLES - Olha, eu tenho saudade da Bahia que já teve. Mas é uma saudade gostosa, porque nós passamos por momentos maravilhosos e grandes amigos que participaram desses verões maravilhosos comigo e já não estão mais. Então, é só saudade, mas uma saudade gostosa. A minha verdadeira Bahia.

CORREIO - E a Lavage de La Madalene, em Paris é um momento em que você se reconecta com a Bahia?

LUANA DE NOIALLES - É verdade, estou sempre presente! O primeiro ano da lavagem da Madeleine lá vai 20 anos né e eu sou uma pessoa que sou muito agradecida a  Robertinho por ter levado o nome da Bahia, por fazer esse patrimônio extraordinário. Realmente, é um momento gostoso, aquele momento da avenida, um momento que você se reconecta, que me reconecto Passa rápido, mas é desde o princípio.

CORREIO - Você tem planos de vir a Salvador, quando?

LUANA DE NOILLES - Muito em breve.

CORREIO - Aos 75 anos, que balanço você faz de positivo e negativo?

LUANA DE NOILLES - Meu balanço de vida é positivo. Tenho um filho maravilhoso, que Deus me deu, Matthieu Blanchet, 42 anos, que é militar. Uma vida extraordinária, com altos e baixos. Já cai e sempre me levantei. Me levanto sempre. Me considero um ser coroado de êxito. Tudo o que eu quero eu posso. A verdade é a minha fé. E a fé remove montanha.