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Bases para espumante de maior destaque foram da Chandon e da Família Geisse
Paula Theotonio
Publicado em 21 de outubro de 2024 às 11:05
A Associação Brasileira de Enologia (ABE) divulgou neste sábado (19) a lista das 16 amostras de vinho mais representativas da safra 2024. O anúncio foi feito no encerramento da 32ª Avaliação Nacional de Vinhos (ANV), que reuniu 800 pessoas no Parque de Eventos de Bento Gonçalves (RS). São bebidas que podem ou não já estarem engarrafadas, que mostram o caráter da colheita e demonstram a evolução da produção nacional ao longo dos anos.
As bases para espumante de maior destaque foram da Chandon (Garibaldi - RS) e da Família Geisse (Pinto Bandeira - RS), com um corte de Riesling Itálico/Pinot Noir/Chardonnay e um blend de Chardonnay/Pinot Noir, respectivamente.
Em brancos não aromáticos, as melhores foram varietais de Riesling Itálico (Vinícola Garibaldi - RS) e Chardonnay (Vinícola São João - RS). Os brancos aromáticos eleitos foram Moscato Giallo (Vinícola Giacomin - RS) e Malvasia de Cândia (Vinícola Aurora - RS). A amostra mais significativa de rosé foi da Casa Venturini (RS), elaborada com a uva Tannat.
Os tintos correspondem à maior parte da Avaliação. Entre os tintos jovens, estão o Pinot Noir (RAR - RS) e Cabernet Franc (Pizzato - RS). Os demais foram Merlot da Casa Perini (RS), Cabernet Sauvignon da Don Laurindo (RS), Cabernet Sauvignon da Valmarino (RS), Teroldego da Don Guerino (RS), Syrah da Casa Soncini (SP), Merlot Miolo Wine Group (RS) e Tannat da Vinícola Campestre (RS).
A ANV é a maior degustação de uma só safra do mundo; e é considerada a maior festa do vinho brasileiro, reunindo trabalhadores do segmento de diversas partes do Brasil e do mundo.
Durante o evento, todos os vinhos foram comentados em um palco por profissionais do setor. Colunista do CORREIO, a jornalista e sommelière Paula Theotonio foi selecionada para falar do Merlot da Casa Perini. Única mulher negra e nordestina a sentar à mesa da Avaliação nesses 32 anos de história, Paula concedeu 93 pontos à bebida e fez um discurso por mais diversidade na indústria do vinho. Ouça aqui.
Essas quase duas dezenas de amostras foram selecionadas entre os 30% classificados num universo de 472 amostras inscritas por 67 vinícolas de sete estados brasileiros, além do Distrito Federal (Bahia 15, Distrito Federal 16, Goiás 01, Minas Gerais 03, Paraná 03, Rio Grande do Sul 408, Santa Catarina 08 e São Paulo 18). A vinícola Terranova, situada em Casa Nova (BA), teve três amostras classificadas: verdejo e grenache, que entram em cortes de espumante; e a syrah, usada em diversos varietais da marca.
“A safra 2024 trouxe condições climáticas desafiadoras. Mesmo assim, as vinícolas brasileiras provaram que são capazes de superar adversidades como esta, mostrando que o Brasil elabora grandes vinhos”, ressaltou o presidente da ABE, enólogo Ricardo Morari.
Mais uma vez o Rio Grande do Sul predominou a presença na lista, ficando com 15 das 16 amostras, o que é natural uma vez que praticamente 87% das amostras inscritas são de vinícolas gaúchas. A Serra Gaúcha é o grande destaque. Mesmo assim, São Paulo figurou no ranking, mostrando que o Brasil vitivinícola vai muito além do Sul. Já entre os 30%, 148 amostras são oriundas de 44 vinícolas do Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal.
Os grandes homenageados da ABE com o Troféu Vitis 2024 foram o vinhateiro Benildo Perini, na modalidade Amigo do Vinho Brasileiro, e o engenheiro agrônomo Murillo de Albuquerque Regina, na categoria Enológico. Ambos foram laureados pela entidade pela relevante atuação na promoção e divulgação do vinho brasileiro. Murillo, inclusive, é responsável pelo desenvolvimento de uma técnica de viticultura chamada dupla poda, que possibilitou a produção de vinhos finos em Mucugê (BA), no Centro-Oeste e em diversas regiões de altitude do Sudeste.