A intervenção política de Lula na Petrobras

A Petrobras precisa de estabilidade e autonomia para crescer e prosperar

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Publicado em 17 de maio de 2024 às 05:00

A Petrobras tem sido, mais uma vez, vítima dos caprichos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que insiste em tratar a empresa brasileira como um instrumento de seu poder político. A recente demissão de Jean Paul Prates da presidência da estatal é mais um capítulo lamentável dessa ingerência política nociva que ameaça a integridade e a eficiência da companhia.

Importante destacar que a Petrobras é uma empresa gigantesca e não pode ser um braço estendido da agenda política do presidente da República, com desprezo às diretrizes de governança corporativa e às necessidades do mercado. Só no ano passado, a estatal teve um lucro líquido de R$ 124,6 bilhões, e esteve no ranking Forbes Global 2000 das maiores empresas do mundo.

A ingerência política na Petrobras não é novidade, mas a intensidade com que o governo atual intervém é inaceitável. Nos últimos oito anos, foram oito presidentes da Petrobras demitidos. Dois no governo de Michel Temer, quatro na gestão de Jair Bolsonaro e agora dois com Lula em menos de um ano e meio. A pergunta que fica é: como garantir segurança ao mercado com tamanha instabilidade no comando da companhia?

A demissão de Prates, que foi incentivada pelo ex-governador da Bahia e ministro da Casa Civil, Rui Costa, é um claro sinal de que Lula quer comandar com mão de ferro e moldar as decisões da companhia para atender seus caprichos políticos. O resultado foi que a estatal teve uma perda de R$ 34 bilhões em valor de mercado. Essa abordagem coloca em risco não apenas a saúde financeira da empresa, mas também sua credibilidade perante investidores e o mercado internacional.

A Petrobras, uma empresa de capital aberto, não pode ser gerida como um ministério qualquer, sujeita a mudanças bruscas de direção conforme os ventos políticos. Essa instabilidade espanta investidores, eleva os custos de captação de recursos e prejudica o planejamento de longo prazo.

A engenharia Magda Chambriard, que já escreveu que “a estatal não poderia ter a dimensão atual sem a mão forte de um governo”, parece chegar à presidência da Petrobras para seguir rigorosamente a cartilha lulista. É lamentável que a competência técnica seja secundária frente aos interesses políticos do governo. A Petrobras precisa de estabilidade e autonomia para crescer e prosperar.