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A paz perdida no Recôncavo

Cidades como Cachoeira e São Félix, que deveriam ser exemplos de preservação histórica e cultural, agora simbolizam a falência da segurança pública baiana

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  • Editorial

Publicado em 3 de outubro de 2025 às 05:00

Durante muito tempo, cidades do interior da Bahia eram sinônimo de tranquilidade. O Recôncavo, em especial, guardava o encanto de uma região que respirava história, cultura e tradição, sem conviver com o medo que assombra os grandes centros urbanos. Hoje, infelizmente, esse cenário ficou no passado. Cachoeira e São Félix, símbolos de resistência cultural e berço de manifestações artísticas e religiosas que orgulham a Bahia, transformaram-se em território marcado pela violência, pela intimidação e pelo poder paralelo das facções criminosas.

A situação chegou a um ponto insustentável. Um suposto comunicado do Bonde do Maluco (BDM) impôs uma espécie de fronteira invisível entre as duas cidades: moradores de Cachoeira estariam proibidos de circular em São Félix, e vice-versa.

A cena, que parece saída de um roteiro distópico, mostra como o crime organizado avançou sobre áreas antes inimagináveis e instalou o medo na rotina das famílias. Trabalhadores e estudantes, que dependem da circulação entre as cidades, vivem agora sob ameaça constante, obrigados a escolher entre a sobrevivência e a liberdade.

A escalada da violência não para por aí. Tiros em plena luz do dia, nas imediações da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), feriram um adolescente e espalharam pânico. O comércio fechou as portas, o “toque de recolher” foi instalado e até mesmo as aulas foram suspensas.

É impossível não apontar responsabilidades. Há mais de 20 anos, a Bahia é governada pelo PT, e nesse período a violência cresceu de forma assustadora. O atual governador Jerônimo Rodrigues, assim como seus antecessores, tem falhado em apresentar respostas concretas para conter o avanço do crime. O que se vê, ano após ano, é a repetição de promessas vazias, enquanto os baianos, especialmente os que vivem fora da capital, enfrentam sozinhos o terror imposto pelas facções.

Não se trata apenas de estatísticas criminais. Trata-se de vidas interrompidas, sonhos adiados, famílias acuadas. Trata-se de um Estado que perdeu o controle sobre seu território e deixou que o poder paralelo se consolidasse. Cidades como Cachoeira e São Félix, que deveriam ser exemplos de preservação histórica e cultural, agora simbolizam a falência da segurança pública baiana.

A violência no Recôncavo é o retrato da omissão do governo estadual. Sem ações firmes, sem estratégias eficazes, sem coragem política para enfrentar o problema, a Bahia segue aprisionada pelo medo. O povo não aguenta mais.