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Editorial
Publicado em 25 de abril de 2025 às 05:00
A revelação da fraude bilionária no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é um escândalo de proporções inaceitáveis. Estima-se que mais de R$ 6,3 bilhões foram subtraídos indevidamente de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024. Isso mesmo: idosos, com despesas elevadas com medicamentos e sustento básico, foram vítimas de um esquema criminoso institucionalizado - e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa explicar por que ignorou os alertas e permitiu que isso acontecesse. >
Desde 2023, os auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) já apontavam os indícios de fraude no sistema de convênios do INSS. Em 2024, o próprio TCU determinou medidas corretivas. A inércia foi tamanha que culminou na demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, após ele se tornar alvo de investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU). Sua gestão não apenas ignorou as determinações legais, como contribuiu para perpetuar um esquema lesivo e vergonhoso.>
O presidente Lula determinou a demissão de Stefanutto somente após a deflagração da Operação Sem Desconto, mas onde estava a ação preventiva? Onde estavam os mecanismos de controle e fiscalização? Onde estava o governo quando o TCU denunciou o crescimento “vertiginoso” e inexplicável de filiações a associações fantasmas? É inacreditável que a Ambec - uma das 11 entidades associativas suspeitas de realizar descontos indevidos - tenha passado de 3 para 600 mil associados em apenas dois anos, sem que ninguém no INSS achasse necessário puxar o freio.>
A omissão custou caro aos mais frágeis. A CGU ouviu mais de 1.200 beneficiários e 97,6% afirmaram que nunca autorizaram os descontos associativos. Isso não é um deslize administrativo. Isso é uma corrupção institucionalizada. E o mais grave: foi permitido debaixo do nariz do governo federal.>
A promessa de Lula era reconstruir o país com prioridade para os mais pobres. Mas o que se vê, neste caso, é um abandono dos mais vulneráveis. Não basta trocar o comando do INSS. É preciso ir além: identificar os responsáveis, punir os cúmplices e, sobretudo, indenizar os aposentados prejudicados.>