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Nilson Marinho
Publicado em 2 de setembro de 2024 às 05:00
A contadora Flávia Carreira, de 45 anos, atuava no setor financeiro de um hospital particular. Na unidade hospitalar, trabalhou durante 10 anos, cinco dos quais, como ela mesma descreve, sem a mínima vontade de levantar da cama para ir ao trabalho. >
A profissional já não estava rendendo como antes, sua relação com os colegas estava abalada e a única coisa que ela desejava durante todo o expediente era registrar a saída no relógio de ponto às 18h, quando terminava seu expediente.>
“Eu já tinha percebido que não pertencia mais àquele lugar, não porque ganhava mal ou tivesse péssimos chefes, mas porque simplesmente não estava mais feliz fazendo aquilo. Demorei para deixar o emprego por questões financeiras, mas no dia em que o fiz, foi como tirar um grande peso das costas”, descreve.>
Flávia pediu demissão e contou com a ajuda do marido para permanecer em casa por quatro meses. Durante esse período, a contadora começou a fazer terapia e iniciou uma especialização na área de Compliance. “Me redescobri, voltei a ter paixão pela profissão, só que agora atuando em outra área”, diz.>
Yuri Trafane, especialista em gestão de carreira e autor de "Os Quatro Papéis", aponta que a falta de motivação e paixão pelo trabalho pode ter várias consequências negativas. A principal delas é a perda de produtividade e qualidade do trabalho, o que, em alguns casos, pode resultar em demissão. Além disso, Trafane continua, a desmotivação afeta a vida pessoal, pois uma parte significativa do tempo é dedicada ao trabalho.>
Perguntas e respostas>
Se uma pessoa não está motivada e não gosta do que faz, a primeira consequência é a perda de produtividade. A pessoa não entrega um trabalho com a mesma qualidade que poderia entregar se estivesse motivada. Quando a performance cai, os líderes percebem e isso pode levar, desde uma desaceleração na carreira até, em casos mais graves, à perda do emprego.>
Além disso, há consequências na vida pessoal, pois passamos muito tempo no trabalho. Se a pessoa está desmotivada, uma boa parte da sua vida perde sentido. O Burnout é mais comum em pessoas que não estão conectadas com seu trabalho.>
O primeiro passo é entender o motivo do desânimo. Em alguns casos, o problema é intrínseco e está relacionado a um descontentamento mais amplo com a vida como um todo. Nesses casos, o ideal é procurar o apoio de um psicólogo e, se for mais grave, um profissional de saúde mental, como um psicanalista.>
O problema também pode estar relacionado ao chefe, especialmente se a relação não for boa e o líder não for eficiente. Pesquisas mostram que cerca de 70% do nível de motivação ou desmotivação está ligado ao chefe. Se esse for o caso, é importante conversar com o chefe; se não se sentir confortável, pode-se falar com o RH ou considerar a empresa como um todo.>
O principal fator é o medo de perder a renda. Muitas pessoas precisam do dinheiro que o emprego proporciona e temem deixar o emprego sem ter outra alternativa. A recomendação nesses casos é não abandonar o emprego de uma vez, mas começar a buscar outras oportunidades que possam ser mais favoráveis e que tragam mais motivação.>
Um profissional deve considerar pedir demissão se perceber que a insatisfação não é uma questão pessoal, como depressão ou descontentamento geral. Se o problema for intrínseco, é melhor buscar a ajuda de um profissional de saúde mental. Além disso, o profissional não deve pedir demissão sem antes ter conversado com seu líder sobre os problemas que está enfrentando.>
Se, após avaliar todas essas questões, o profissional concluir que a situação não vai mudar, deve se preparar antes de sair, buscando novas oportunidades enquanto continua empregado e verificando se o mercado está em um momento propício para mudança.>
Atenção aos sinais >
1 - A energia que antes motivava o início de cada dia se transforma em cansaço constante; >
2 - A criatividade dá lugar à rotina, com poucas ou nenhuma nova ideia;>
3 - A sensação de estar preso a um cargo ou empresa começa a pesar;>
4 - A realização do mínimo necessário apenas para não ser demitido passa a ser a norma;>
5 - Os relacionamentos profissionais que antes eram fortes e colaborativos começam a enfraquecer.>