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Cresce a demanda por assessorias e treinadores de corrida com "boom" pós-pandemia

Influenciadores digitais também ajudaram a popularizar a prática

  • N
  • Nilson Marinho

Publicado em 14 de outubro de 2024 às 05:00

 Anderson Lopes, que está à frente da Flash Assessoria Esportiva
Anderson Lopes, que está à frente da Flash Assessoria Esportiva Crédito: Divulgação

Os profissionais da educação física que auxiliam aqueles que praticam corrida, seja de forma amadora ou profissional, os chamados assessores e treinadores de corrida, começaram a ver as agendas lotarem nos últimos anos. Mais pessoas interessadas em praticar a atividade com acompanhamento técnico passaram a procurá-los. E são pessoas de todas as idades e com as mais variadas propostas, de jovens a idosos, de corredores amadores a profissionais.

Essa grande procura, de acordo com os assessores e treinadores de corrida, começou sobretudo no período da pós-pandemia, quando mais pessoas passaram a adotar um estilo de vida mais saudável, prezando por atividades em grupo e ao ar livre. Mas há outro fator que pode explicar esse “boom”: a quantidade de influenciadores de corrida que começaram a produzir conteúdos nas redes sociais, focados no nicho de pessoas que são adeptas da prática.

“Comecei a receber cada vez mais alunos que não vinham por indicação ou levados por um amigo, mas pessoas que passaram a seguir influenciadores e que começaram a despertar o interesse pela prática. O ano ainda nem acabou, mas aumentei meus assessorados em mais de 50% em relação a 2023”, diz Carlos Matos, assessor de corrida que atua na cidade de Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador. “São pessoas que muitas vezes chegam sem nenhuma prática e que, aos poucos, estão sendo introduzidas na corrida”, explica.

E basta usar as hashtags #run ou #corrida nas abas de pesquisa das plataformas de mídia social para ter acesso a uma infinidade de vídeos e fotos. Existe até um termo para descrever essa alta: o “Running Era” — em português, “A Era da Corrida”.

Muito antes de todo esse frenesi, em 2008, Carlos Felipe Albuquerque, conhecido como Chokito, idealizou a Runners Club de Corrida, uma assessoria de corrida voltada para a preparação de corridas de rua, emagrecimento, desempenho e alto rendimento.

 Carlos Felipe Albuquerque, conhecido como Chokito, idealizou a Runners Club de Corrida
Carlos Felipe Albuquerque, conhecido como Chokito, idealizou a Runners Club de Corrida Crédito: Divulgação

De lá para cá, o negócio tomou corpo e, hoje, conta com quatro unidades espalhadas em Salvador. São oito professores formados em Educação Física que ajudam os alunos a se prepararem fisicamente para a prática esportiva. Os acompanhamentos são presenciais, mas também podem ser feitos de maneira remota.

“A grande mudança radical veio após o período pandêmico, quando houve a conscientização das pessoas sobre a importância da prática regular de exercícios”, explica.

Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Corridas de Rua (ABCR), pela São Silvestre e pela Ticket Sports aponta que, em 2023, foram realizadas 150 mil corridas de rua. Esse número é 13% maior que o do ano anterior. A Maratona Salvador, que acontece na capital baiana, atraiu este ano 10 mil corredores, um número que dobrou nos últimos três anos, segundo a organização do evento.

O Runners Club de Corrida conta com cerca de 1,8 mil associados, sendo que mais de 80% deles recebem orientação presencial. Os planos são oferecidos a partir de R$ 130. O faturamento mensal do negócio é de cerca de R$ 190 mil por mês.

O educador Anderson Lopes, que está à frente da Flash Assessoria Esportiva, lembra que há assessorias que focam em performance, com alunos que querem competir e brigar por pódios. Outras têm um perfil mais voltado para eventos e confraternizações.

“A principal função da assessoria é diminuir o risco de lesões. Está comprovado que 70% dos corredores, após dois anos de prática, terão algum tipo de lesão. O que fazemos é preparar o aluno para reduzir esse risco”, conta.

Lopes diz que a procura pelos seus serviços já aumentou 70% em relação ao ano passado. Os perfis dos alunos são diversos, mas a média é de pessoas que possuem entre 25 e 30 anos. A motivação delas para procurar a prática, segundo ele, mudou após a pandemia.

Anderson ao lado do seu sócio
Anderson ao lado do seu sócio Crédito: Divulgação

“Antes da pandemia, as pessoas tinham uma motivação interna, queriam correr para experimentar ou para emagrecer. Após a pandemia, a primeira leva de pessoas que procurou a assessoria veio por indicação médica, por recomendação de correr para tratar ansiedade, estresse e depressão. Essas foram as pessoas que mais procuraram as assessorias no período pós-pandemia. Agora, estamos em uma segunda fase, onde as pessoas buscam a corrida mais por influências externas”, conta o preparador físico.

“Elas veem que o cunhado corre, o colega de trabalho corre, o vizinho corre, e elas querem entender por que todo mundo está correndo, mas elas ainda não. A presença dos influenciadores e blogueiros de corrida também tem despertado o interesse de muita gente que antes nem pensava em correr”, completa Lopes.