Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.
Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
A Copa do Brasil, que começou ontem para a dupla Ba-Vi, é o campeonato mais com a cara do país. Diverso, heterogêneo, reúne 91 times numa disputa em que o Ferroviário consegue “dar testa” para o Corinthians e que a Juazeirense eliminaria o Vasco se não fosse um pênalti maroto inventado nos minutos finais. Mais do que isso, revela o futebol brasileiro como ele é.
A primeira fase da competição confronta um time grande ou médio contra um pequeno. Mostra que o nosso futebol não é formado por jogadores milionários, cada um com seu carrão importado e milhares de seguidores no Instagram, como é fácil pensar.
Esses são minoria, e bote minoria nisso. Só 3% recebem mais de R$ 51 mil por mês, enquanto a média nacional é de aproximadamente quatro salários mínimos, segundo pesquisa feita pela Folha de S. Paulo, em maio do ano passado, com dados do Ministério do Trabalho referentes a 2016, os mais recentes disponíveis naquele momento.
A média do país está em campo por muitos times nesse início da Copa do Brasil. São jogadores sem fama, sem fortuna e também sem a certeza de que terão um contrato de trabalho quando o estadual acabar. Treinam em clubes sem estrutura adequada e sem recursos para se hospedar em hotel muito estrelado quando viajam. Trocar camisa com o adversário no intervalo? Não dá.
Galvez e ABC fizeram a preliminar na rodada dupla que teve Rio Branco x Bahia como jogo de fundo. O Galvez, atual vice-campeão acreano, se tornou “conhecido” no país durante a Copa São Paulo de Futebol Júnior, em janeiro, porque não tinha dinheiro para pagar a volta para casa após ser eliminado para o Palmeiras. E o time paulista custeou as passagens dos meninos.
Como prova de gratidão, a boa ação foi retribuída ontem, do jeito que estava ao alcance da modesta situação financeira do clube. O Galvez fez uma promoção na qual o torcedor que foi à Arena da Floresta vestido com a camisa do Palmeiras tinha direito a pagar meia-entrada. E seguramente a torcida palmeirense é muito maior que a do time da casa, mesmo no Acre. Uma curiosidade: o Galvez Esporte Clube foi fundado em 2011 por policiais militares e até hoje tem oficiais da PM na diretoria. No Twitter, apresenta-se com a alcunha “O Time Militar”.
Em meio a fatos pitorescos como esses, inimagináveis na realidade milionária dos times de Série A, a Copa do Brasil mostrou também um caso em que o certo está errado. Aconteceu na vitória por 1x0 da Aparecidense sobre a Ponte Preta, anteontem, em Aparecida de Goiânia.
A Ponte Preta marcou o gol que seria de empate aos 44 minutos do segundo tempo com o atacante Hugo Cabral em posição de impedimento. O árbitro não viu, o bandeirinha não sinalizou, e o gol foi erradamente confirmado. Porém, poucos minutos depois, e supostamente avisado por alguém de fora, o juiz mudou de ideia e anulou o gol. Só que a regra não permite interferência externa, a menos que a partida utilize árbitro de vídeo (VAR).
Ou seja, no final das contas, o árbitro fez a marcação certa do lance, mas descumpriu a regra. E gerou um paradoxo no qual o correto é ilegal. Onde já se viu isso? Na Copa do Brasil. Tão controversa quanto este Brasilzão.
Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.